Até o começo da década de 1960, o serviço de telefonia no Rio Grande do Sul era operado pela norte-americana International Telephone and Telegraph Corporation (ITTC), presente na região desde 1950, através da filial Companhia Telefônica Nacional. Porém, o investimento por parte da empresa estadunidense se restringia a poucos centros urbanos, tornando-se um entrave para o desenvolvimento dos serviços prestados.

O governador Leonel Brizola, assina o decreto 13.186 de fevereiro de 1962, nacionalizando os serviços de telefonia no RS, dando origem à CRT. Imagem: Acervo Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

Em 1962, por meio do Decreto 13.186, o então governador Leonel Brizola cassou a permissão da Companhia Telefônica Nacional, cujo controlador acionário, amplamente majoritário era a ITTC, sendo os seus bens desapropriados e declarados de utilidade pública. O Governo do Estado, por sua vez, tinha a posse provisória e passou a exercitar a prestação direta dos serviços sob a designação de “Serviços Telefônicos Retomados”, composto, na época, de 30.534 terminais instalados. Em seguida, a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), que havia sido fundada em dezembro de 1960, ficou responsável por administrar os serviços de telecomunicações detendo o monopólio do setor no Estado, com exceção da região da cidade de Pelotas.

No início dos anos 1970, ocorreu uma grande expansão e modernização de todo o sistema de transmissão, sendo necessário haver uma reorganização no setor. Dessa maneira, nasceu a Telecomunicações Brasileiras (Telebrás) em junho de 1972, que passou a controlar as atividades de centenas de concessionárias municipais, com o objetivo de erguer aos poucos um sistema nacional de telecomunicações. Desde então, a Companhia Riograndense de Telecomunicações esteve associada à Telebrás.

Logo da Companhia Riograndense de Telecomunicações em 1962. Imagem: Divulgação.

Mesmo assim, o governo gaúcho conseguiu manter seu controle através de um contrato de concessão firmado em abril de 1973, com validade por 30 anos, em virtude da política de desenvolvimento implantada, desde 1953, e a eficiência do serviço prestado. A criação da Telebrás tinha o intuito de organizar e unificar o sistema de telecomunicações no Brasil, porém o Rio Grande do Sul já estava bem estruturado. A CRT, no entanto, deveria seguir as diretrizes estabelecidas para o âmbito nacional, por causa de sua integração.

Os serviços de telefonia fixa e móvel – com o nome de Celular CRT – operavam em todo o estado do Rio Grande do Sul, exceto nas cidades de Pelotas e Capão do Leão, que eram atendidas pela CTMR.

Em 1995, após a Emenda Constitucional nº 8 ter sido aprovada, foi aberto o setor à participação de capital privado. Essa emenda foi complementada depois de dois anos, com a aprovação do Congresso Nacional da Lei Geral de Telecomunicações, que autorizou a privatização do Sistema Telebrás, definindo um novo modelo das telecomunicações no País.

Alguns meses antes da complementação, em dezembro de 1996, o governo gaúcho deu início ao programa de privatizações, com a venda de 35% do capital da CRT pertencentes ao Estado. O objetivo era capitalizar a empresa e prepará-la para uma posterior privatização total. O consórcio que adquiriu as ações denominava-se Tele Brasil Sul (TBS), que arrematou por R$ 681 milhões – tendo como líder a operadora espanhola Telefónica, e formado também pelo Grupo RBS, Portugal Telecom, Iberdrola e pelo banco Bilbao Vizcaya.

Em junho de 1998, foi realizada a privatização total da CRT, adquirida por R$ 1,17 bilhão. Como a Telefónica já havia adquirido a Telesp no mesmo ano, a companhia não pôde continuar como sócia majoritária da CRT. Assim, em julho de 2000, a Telefónica anunciou a venda da CRT para a Brasil Telecom (antiga Tele Centro Sul) pelo valor de US$ 800 milhões, sendo incorporada à empresa em dezembro do mesmo ano. Após oito anos, a Brasil Telecom foi vendida à Oi.