A Ericsson completa em 2024 cem anos de presença no Brasil. Em 1924, a empresa sueca iniciou oficialmente as operações de uma empresa de vendas, a Sociedade Ericsson do Brasil (EDB), no Rio de Janeiro, após conseguir fazer negócios com empresas que operavam fora das áreas de concessão da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), principal operadora do País naquela época, mas que usava equipamentos de outro fornecedor. No final da mesma década, a Ericsson vendeu sua primeira estação de 500 redes para a cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Dez anos depois, em 1934, um vendedor inglês que morava no Brasil, chamado Wolf Kantif, foi contratado pela empresa local da Ericsson. Ele era conhecido como um vendedor muito talentoso que viajava muito pela região do Nordeste do Brasil – que ficava fora da área de concessão da CTB. De acordo com a própria companhia, Kantif tinha um jeito encantador que acabava conseguindo convencer as pessoas em vários locais a criar associações telefônicas que, então, encomendavam equipamentos da Ericsson na Suécia.

Chegando em 1940, a Ericsson já tinha uma base sólida no Brasil. Em meados da década, começou a receber pedidos da própria Companhia Telefônica Brasileira, que gerou um grande aumento no número de vendas. O governo brasileiro, no entanto, exigiu que as importações de equipamentos de telecomunicações da Suécia fossem reduzidas em 1952, pois vinham crescendo muito. Com isso, a Ericsson decidiu que deveria abrir uma fábrica no País.

Logo Ericsson do Brasil (EDB). Imagem: Ericsson/Reprodução.

Ao seguir as recomendações do governo, a empresa construiu uma fábrica de produção de telefones em São José dos Campos, em São Paulo, e passou a produzir interruptor da barra transversal (crossbar switches). Com as operações se expandindo rapidamente, a Ericsson do Brasil forneceu todos os equipamentos de telecomunicações para a nova capital do Brasil, Brasília, em 1960.

Esse mesmo equipamento – crossbar switches – teve um grande pedido em outras localidades, como, por exemplo, em São Paulo, e, no final dos anos 1960, a Ericsson havia alcançado uma participação de mercado de cerca de 50%. Por causa do seu crescimento, foi necessário construir uma nova fábrica de produção na mesma região que a primeira, no interior de São Paulo.

Mesmo com a economia brasileira sofrendo recessão no final de 1970, a companhia de telecomunicações recebeu seu primeiro pedido do sistema de computação AX para uma central telefônica na capital paulista. Já o primeiro pedido de um sistema móvel foi recebido em 1992. Entre 1997 a 1998, dez licenças de telefonia móvel foram colocadas em leilão, sendo considerado um dos maiores leilões até o momento.

Com o objetivo de atender às inúmeras demandas, os contratos incluíam o fornecimento de equipamentos para o sistema D-AMPS (ou TDMA) da operadora Tess – que tinha sede em Campinas, no interior de São Paulo, e que depois foi comprada pela Claro. A Ericsson também começou a fabricar estações rádio-base e telefones celulares na fábrica de São José dos Campos.

Já no início dos anos 2000, a Ericsson somava 2,4 mil funcionários no Brasil. Alcançou uma participação de mercado de 35% para telefonia fixa, 40% para sistemas móveis e 34% para terminais (telefones celulares e handheld PC). Segundo a companhia, o Brasil era, de longe, o maior mercado da Ericsson na América Latina e um dos maiores em todo o mundo. Em 2019, a empresa no território brasileiro ganhou um investimento de R$ 1 bilhão da Ericsson sueca para ampliar sua fábrica em São José dos Campos.

Futuro

Recentemente, a TIM Brasil foi a primeira operadora do mundo a adotar uma solução da Ericsson, chamada In–Service Software Update (ISSU), de atualização de software no âmbito da gestão da base de dados de assinantes no core da rede sem interrupção do serviço. A novidade foi apresentada em primeira mão para o Mobile Time pelo diretor de rede da TIM, Marco Di Costanzo, durante o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona.

Além disso, o presidente da Ericsson para América do Sul, Rodrigo Dienstmann, acredita que o número de redes privativas vai crescer de maneira exponencial no Brasil, assim como o 5G. “O 5G está crescendo fortemente em adoção e com as redes sendo implantadas. Fechamos o ano com 20 milhões de usuários da rede 5G no Brasil, o que representa cerca de 70% de toda a América Latina – que somou 28 milhões de acessos. E a perspectiva daqui para frente é que os investimentos continuem, mas sigam a tendência de criar novos modelos de negócios, combinando redes diferenciadas e programáveis e expostas a desenvolvedores de aplicações e modelos de negócios”, disse.