A TIM vai começar a liberar a venda de produtos e serviços por meio de APIs abertas ainda no mês de agosto. Ao todo, serão três neste ano, todas voltadas para a segurança contra fraudes. A primeira delas será a de validação do número (silent mobile verification). Nela, o cliente insere o número em um aplicativo e a ferramenta consulta a rede da operadora que, por sua vez, valida se o número é realmente daquela pessoa.

Em setembro ou outubro, a operadora deverá lançar a API de troca do chip (SIM swap). A ferramenta avalia a frequência de trocas de chip e o tempo entre uma troca e outra.

“Já temos (a API SIM swap), mas não estava no padrão da GSMA. Estamos adaptando e deve ser lançada em setembro”, explica Renato Ciuchini, vice-presidente de estratégia e transformação da TIM, durante conversa com os jornalistas sobre os resultados financeiros da operadora nesta terça-feira, 1. O executivo já havia comentado no MobiXD, evento promovido por Mobile Time em maio deste ano, sobre os planos da TIM para as APIs abertas. A ideia é que os contratantes não precisem fazer integrações com cada uma das operadoras, uma vez que as APIs estarão padronizadas.

A terceira API que está nos planos da TIM é a de localização de dispositivos (device location). Esta deve ser liberada ainda no final deste ano ou primeiro trimestre do ano que vem.

“Finalmente o projeto começou a andar depois de muitas discussões na indústria. Essas APIs constroem um portfólio antifraude muito robusto. São as que mais têm demanda no mercado brasileiro, principalmente nas áreas de antifraude no segmento financeiro. Uma vez padronizado, o banco poderá contratar essa mesma solução da TIM e de todas as outras operadoras”, diz Ciuchini.

Existem três opções de modelo de negócios para essas APIs. “Na primeira, a operadora poderá se integrar diretamente ao cliente final. A operadora comercializará a sua rede individualmente, apesar de a parte técnica ser unificada. Na segunda, a integração pode acontecer através de um integrador (broker), que juntará os players. E, na terceira, haverá a possibilidade de disponibilizar as APIs via grandes marketplaces, como aqueles de Amazon, Google e Microsoft”, explicou.

Vale lembrar que a solução faz parte da iniciativa global da GSMA batizada de Open Gateway, da qual fazem parte as principais operadoras do Brasil e do mundo e que permite o compartilhamento e a federação de APIs abertas e padronizadas para acesso interoperável às redes das operadoras.

Zero rating

TIM

Alberto Griselli, CEO da TIM (crédito: TIM/divulgação)

Ao ser perguntado por este noticiário se havia uma relação entre o zero rating e a discussão do fair share, Alberto Griselli, CEO da TIM, explicou que a decisão de colocar e de retirar aplicações do benefício de não usar o plano de dados do cliente é puramente comercial.

“Anos atrás, escolhemos colocar aplicações no zero rating, como o WhatsApp. Era um contexto diferente do atual. Isso tem a ver com o portfólio de benefícios que a gente decide oferecer aos clientes. Oferecemos também alguns serviços específicos para alguns planos. Em alguns casos, gratuitos, ou o cliente paga a mais para obtê-lo. Assim nasceu porque decidimos colocar esses produtos, mas, ao longo do tempo, reavaliamos as decisões. A tendência, no momento, é de que, em função do consumo de dados e do valor percebido pelo cliente, haja uma diminuição da presença de produtos zero rating nos próximos anos”, avalia Griselli.

Por meio da Conexis, a TIM fez uma contribuição para a tomada de subsídio sobre o regulamento de deveres dos usuários e que trata do fair share, que seria um pagamento por parte das big techs pelo uso das redes móveis.

Segundo Mário Girasole, VP de assuntos regulatórios, institucionais e relações com a imprensa da TIM Brasil, a visão da operadora é que existem dois mercados, um regulado e outro não e, por isso, são assimétricos.

“Temos dois mercados em que existe uma assimetria regulatória. Para uma parte do mercado, vendemos acesso à Internet e eles nos remuneram a partir dos diferentes planos que oferecemos. Mas, do outro lado, para os geradores de grande fluxo no tráfego, vendemos performance. E, sobretudo com o 5G, as nossas redes conseguem entregar performances diferenciadas para serviços diferenciados. Uma coisa é serviço de mensagem e outra é serviço de vídeo”.

“É um debate que está na primeira tomada de subsídios e nós achamos que a Anatel encontrou um caminho bastante interessante sobre as definições dos atores, como a respeito dos usuários, que usam as redes, mas que não são somente os usuários finais, como também os grandes geradores de tráfego. É um debate longo, mas achamos que o regulador está no caminho certo”, completou o executivo.