Os supermercados do Rio de Janeiro viram os números de pedidos de delivery e de e-commerce crescerem de forma exponencial nos meses de isolamento social. No acumulado dos cinco meses, o delivery registrou um crescimento médio mensal de 48%. E o comércio eletrônico, por sua vez, teve um aumento mensal médio de 50%. Os dados foram divulgados para a imprensa nesta terça-feira, 1, pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).

Pedidos de e-commerce em supermercados

No mês a mês, o período de pico no delivery foi em maio, com um incremento de 114% na comparação com o abril. Já no e-commerce, abril foi o melhor mês, com alta de 124% nas compras online.

Fábio Queiróz, presidente da Associação, destacou o surgimento de novas vagas, como a de especialista em marketing digital e em e-commerce, áreas que, depois da pandemia do novo coronavírus, precisaram ser mais bem cuidadas e aprimoradas. Foi criado também o cargo de separador para e-commerce e entregador.

“É um novo comportamento do consumidor que os estabelecimentos tiveram que se adaptar. No início, tivemos supermercados pedindo 30 dias para realizar a entrega. Hoje, não temos mais isso porque corremos atrás, mas é um desafio. Não somos experts em e-commerce ou delivery. Isso é mais bem trabalhado nos bares e restaurantes. Mas aprendemos bastante e conseguimos ganhar volume”.

Pedidos de delivery em supermercados

Queiróz aponta que muitos supermercados criaram pequenos centros de distribuição dentro de suas lojas e o galpão de estoque  foi reformulado de modo a acelerar os pedidos online. “Foi uma quebra de paradigma do varejo. Gostamos de calcular a venda por metro quadrado da loja, mas com o crescimento do e-commerce, o depósito ganha importância”.

O presidente da Asserj conta que antes os profissionais eram desviados de suas funções para ajudar no delivery e no e-commerce, mas nesses cinco meses de pandemia, houve uma preocupação em encontrar profissionais mais especializados e fazer treinamentos com os colaboradores para a logística ser mais eficiente. “No Rio, o primeiro depósito a funcionar como loja foi o Pão de Açúcar da Avenida das Américas. Ali há um mercado dentro da loja apenas para atender o online. Se costumam fazer muitos pedidos de arroz no e-commerce, por exemplo, o produto fica em uma área mais fácil de se pegar. Ele é separado de forma rápida e inteligente”, conta.

Auxílio emergencial e pós-pandemia

Em sua análise, o presidente da Asserj acredita que os supermercados não foram impactados pela crise por conta do auxílio emergencial, dinheiro muito usado para a compra de comida e itens de higiene. Para o futuro próximo, Queiróz espera um equilíbrio entre a redução do valor do auxílio e o aumento da renda do trabalhador com a retomada dos outros setores da economia e um maior número de pessoas empregadas. “A média de alta (nas vendas) nos cinco meses de pandemia foi de 2,88% e, a partir de agora, a expectativa é de estabilização. A redução do auxílio vai impactar nosso setor, mas será compensada por um aquecimento da economia vindo de outros setores”.

Para o pós-pandemia, Queiróz aponta o acesso à Internet e o trânsito como os principais desafios para que o comércio eletrônico e o sistema de entregas continuem crescendo. “É importantíssima a democratização do pacote de dados para que o consumidor possa usar cada vez mais esse tipo de pedido. E o trânsito na cidade, na pandemia, foi maravilhoso e ajudou a gente com o tempo de entrega. Outro ponto que precisa melhorar é a segurança por causa das entregas à noite, que a gente não consegue desenvolver no Rio”.