Portugal é hoje um dos mercados que mais atrai startups de tecnologia, por conta de uma série de incentivos e de condições favoráveis oferecidas pelo governo e pelo programa Startup Portugal. Na semana que vem, durante o WebSummit, que acontece em Lisboa, o diretor do Startup Portugal, João Mendes Borga, espera receber muitos empreendedores brasileiros em seu stand para apresentar as vantagens de se instalarem no país Europeu. Mobile Time conversou com Borga sobre o assunto.

MOBILE TIME – Quais são as ações e os projetos do Startup Portugal voltados a empreendedores brasileiros? Desde quando a entidade realiza este trabalho e quais foram os principais resultados?

JOÃO MENDES BORGA – Se os empreendedores estiverem em Portugal, todos os programas do Startup Portugal estão voltados a fazedores brasileiros. Neste momento, Portugal quer acolher empreendedores de todo o mundo e de todas as nacionalidades, e os apoios que têm disponíveis, desde o Startup Voucher (reduzir o risco dos empreendedores em fase de ideia), ao Vale de Incubação (apoio para investir em serviços de incubação). É uma das metas estabelecidas no programa, quando foi anunciado e iniciado em 2016, e que tem como principal objetivo posicionar o país internacionalmente como um líder nas áreas de inovação e tecnologia.

Temos, contudo, um que é mais atrativo para quem queira relocalizar-se, o Startup Visa. Esta é a principal porta de entrada para o nosso país e que lhes dá imediato acesso aos demais programas. Trata-se de uma iniciativa para conceder visto de residência para cidadãos que queiram abrir um negócio em Portugal.

Os resultados começam a ser visíveis. Só em 2019 mais de 700 vistos foram emitidos para trabalhadores qualificados e fundadores de empresas, dados que nos levam a crer que o ótimo momento das startups localizadas em Portugal, que já têm contribuições em vendas e serviços superiores a 1% do PIB do país em 2018 e que empregam mais de 25 mil trabalhadores altamente qualificados (a população portuguesa é de cerca de 10 milhões de habitantes), não se deve apenas a pessoas nascidas no país. Foi o tipo de estratégia, a par com as infraestruturas que o país já tem, que permitiram que empresas como o Google, a Mercedes, a AWS, a Cloudflare, ou a Revolut decidissem abrir grandes centros de operações em Portugal.

Até agora, só em 2019, 30 empreendedores estão a usufruir do Startup Visa.

2 – Os brasileiros ocupam qual colocação no ranking de empreendedores estrangeiros instalados em Portugal?

A população brasileira em Portugal está em crescente e isso denota-se, também, no número de empreendedores a abrir negócios cá, um pouco por todo o país, e são, sem dúvida, os que mais procuram a mudança para este lado do Atlântico. Basta notar, por exemplo, as numerosas delegações que veem no WebSummit uma oportunidade para expandir, ou mudar os seus negócios para cá. Cerca de 60% dos inquéritos que recebemos por via das nossas plataformas digitais em relação aos nossos programas de vistos são por parte de empreendedores brasileiros.

3 – O que o empreendedor brasileiro deverá encontrar no stand do Startup Portugal na edição deste ano do WebSummit? Haverá algum tipo de atendimento especial a este público, assim como palestras, relatórios, informações?

O stand da Startup Portugal, este ano mais do que nos anteriores, será onde tudo o que diz respeito ao nosso país vai acontecer: desde anúncios de rondas de investimento a comunicações detalhadas dos programas e concursos de inovação, reuniões entre empreendedores, investidores, agências públicas e incubadoras. Temos uma estrutura maior e que pretende, precisamente, centralizar tudo o que está a acontecer no país, desde os eventos paralelos à conferência até à criação de uma empresa na hora e no local, e às oportunidades de networking que possam surgir com todos os players num mesmo sítio. Tudo isto será concertado pela Startup Portugal com o envolvimento das diversas agências públicas que promovem cada programa. Teremos a nossa equipe toda no local disponível para um atendimento especializado deste público.

4 – Quais serão as novidades que a Startup Portugal levará ao WebSummit 2019?

A grande novidade será a apresentação, para audiências internacionais, dos resultados positivos que o nosso ecossistema de empreendedorismo tem apresentado desde que a estratégia Startup Portugal tomou forma. São números fruto de um estudo elaborado pela SP no primeiro semestre deste ano e que nos dizem que Portugal é, de fato e de forma indubitável, uma nação de startups. É um país cujas startups contribuíram, através das suas rondas de investimento, com riquezas mesuráveis ao nível do que países líderes da Europa têm apresentado – as rondas de investimento feitas traduzem-se em cerca de 47€ por habitante, e representam cerca de 0,002% do PIB total do país, valores que na Alemanha e na França são de 54€/0,001% e 42/0,001% respectivamente. Países como os demais dos ditos PIIGS, da altura da crise econômica europeia, como a Itália, a Grécia e a Espanha, os valores ficam-se pelos 8€/0,0003%, 3,6€/0,0002% e 29,7€/0,001% respectivamente. Mal podemos esperar por acrescentar ainda mais talento e posicionar Portugal ainda melhor neste mapa.

5 – Quais são as ações voltadas a empreendedores brasileiros realizadas ao longo do ano pela Startup Portugal e quais serão as novidades para este público previstas para 2020?

Uma das grandes novidades da estratégia Startup Portugal será a possibilidade de ter uma residência digital no país, anunciada no novo programa do Governo que tomou posse. A par disto, todas as iniciativas da SP estão disponíveis para empreendedores brasileiros que queiram iniciar, ou relocalizar um negócio para Portugal, sendo que durante 2020 continuaremos a promover as iniciativas Startup Visa e Tech Visa.

6 – Quais são os primeiros passos na Startup Portugal de como um empreendedor brasileiro pode empreender no país?

Os primeiros passos são simples: visitar o nosso site, perceber qual o tipo de investimento que o empreendedor quer fazer e encontrar o seu programa certo, sendo que nós estamos sempre disponíveis para esclarecer qualquer dúvida. Claro que o grosso dos processos vão no sentido do Startup Visa, que permite abrir empresa em Portugal, atribuir um visto de residência ao seu fundador e estabelecer uma ligação imediata com uma das incubadoras certificada pela Rede Nacional de Incubadoras, que garante uma estrutura local. O resto será o caminho de cada um.