O CEO da Vivo, Christian Gebara, defendeu o acordo de compartilhamento de rede (RAN Sharing, no original em inglês) que sua empresa tem com a rival TIM, em especial pelos benefícios que esse tipo de acordo traz para as empresas envolvidas e para o Brasil. Em resposta nesta quarta-feira, 1, sobre a recente consulta pública que a Anatel colocou sobre o desligamento do 2G e 3G, o executivo da operadora afirmou que o RAN Sharing é “uma forma positiva de otimizar Capex e aumentar a cobertura”, em um momento que o País precisa encontrar novos modelos de expansão de rede com o avanço do LTE e implementação do 5G.

Vale lembrar que o trabalho entre TIM e Vivo é feito em três partes. A primeira é cobertura de rede para 716 cidades compostas por 360 localidades nas quais a TIM tem presença e a Vivo não ou vice-versa. Depois tem o modelo de single-grid para cidades com menos de 30 mil habitantes, que foi feito em 180 cidades, e que deve ser expandido. E o terceiro ponto é a consolidação e  o desligamento do 2G, que atualmente está com 1 mil cidades com redes das duas operadoras consolidadas. Quando o 2G for desligado, a frequência será usada para outra tecnologia.

“O RAN sharing é necessário em um país do tamanho do Brasil, em que todos precisam de acesso. Atualmente temos muita discussão sobre conectividade nas escolas, cobertura em áreas suburbanas (e rurais), acesso em regiões ribeirinhas. E estamos ávidos por cobrir essas regiões, mas nós precisamos de Capex saudável em outras áreas para alcançar essa cobertura”, disse Gebara.

Importante recordar, a chamada pública da Anatel sobre o desligamento do 2G e 3G e uso de suas frequências para 4G e 5G termina na próxima quinta-feira, 2. A colaboração pode ser feita por meio da tomada de subsídios Tomada de Subsídios nº 23/2023  no site da agência reguladora.

Capex e Oi

Gebara aproveitou a conversa com analistas de mercado para confirmar que o Capex da Vivo para 2023 ficará abaixo de R$ 9 bilhões, conforme esperado. No acumulado de nove meses de 2023, a operadora registrou um custo operacional de R$ 6,6 bilhões, queda de 5% contra R$ 7 bilhões de um ano antes.

Embora a companhia tenha avançado na implementação do 5G para 137 cidades e cobertura para 40% da população brasileira, o CEO afirmou que o investimento é menor que o de 2022, uma vez que a operadora investiu no pagamento das frequências obtidas no leilão do 5G e da Oi Móvel.

Em relação à compra da Oi Móvel, o CFO da Vivo, David Melcon, afirmou que o fim do contrato de transição de serviços e o “cashback da Oi” avaliado em R$ 244 milhões e mais R$ 33 milhões ajudaram a Vivo a ter um efeito positivo de R$ 175 milhões. Melcon afirmou ainda que estão negociando acordos das torres recebidas da Oi.

Imagem principal: Christian Gebara, presidente da Vivo e da Telebrasil durante sua fala no Painel Telebrasil Summit 2023 em setembro deste ano (reprodução: Telebrasil)