A Qualcomm está conversando com montadoras para que adotem o seu conjunto de software com sistema operacional (OS) e interface de usuário para seus veículos. Durante o Movecomm 2025, evento organizado por Mobile Time e Teletime em São Paulo, na última quinta-feira, 27, Luiz Tonisi, presidente da empresa na América Latina, confirmou que há diálogos nesse sentido.
O executivo explicou que o primeiro caso foi com um recente lançamento do SUV BMW iX30, que passou a ter um software próprio, no lugar de usar Apple CarPlay ou Android Auto.
A ideia é que outras companhias adotem a solução. Tonisi explicou que a principal vantagem é que o OS veicular é feito pela Qualcomm, que entrega o processador e stack de software, algo que foi construído com o histórico de patentes e aquisições tecnológicas nos últimos anos, como a Veoneer em outubro de 2021.
Porém, a diferença é que a oferta será de prateleira e poderá ser customizada com funcionalidades de direção autônoma, conectividade e inteligência artificial, da mesma forma que o Android faz com fabricantes de celulares a partir da interface de usuário (UI).
IA nos carros
O presidente local da Qualcomm explicou que já possui um movimento de adoção e desenvolvimento de criação de agentes de inteligência artificial para automóveis. Tonisi acredita que os agentes de IA terão um movimento similar ao que acontece com a indústria financeira e de atendimento, com muitos chatbots evoluindo para a IA agêntica.
Porém, a adoção será de cima para baixo, os modelos mais caros das grandes marcas recebendo primeiro e depois os veículos mais populares.
Em paralelo a isso, o executivo explicou que a indústria está caminhando para a automação dos veículos comerciais (caminhões e ônibus) e particulares, considerando que: direção assistida é o primeiro nível dessa automação; automação é o nível 2; automação avançada, 3; e automação completa, nível 4.
Tonisi explicou que automação veicular está evoluindo do 2 para o 3. Contudo, o desenvolvimento da direção autônoma (Adas) caminha de lado. É o caso novamente do BMW iX30 que é nível 2+ por possuir um agente embarcado para ajudar com a automação. Mas para cehgar ao nível 3 é preciso avançar em duas áreas: conectividade e regulação.
Em conectividade, Tonisi afirmou que os carros não podem depender apenas de redes (4G, 5G, satélite e futuramente 6G) com baixa latência para ter as ações e conversar com a IA na nuvem para tomadas de decisões. Afirmou que os carros precisarão ter conectividade combinada com o poder computacional na ponta, de forma que as operações cruciais operem dentro dos veículos, como decisões de segurança e inferência. Por sua vez, a regulação tem um desafio com os governos que estão tentando buscar um padrão para a automação mais avançada em veículos, sob o risco de a tecnologia evoluir mais rápido que a regulação.
Falta de chips veiculares? Hoje, não
Um tema bastante discutido na indústria de semicondutores e de automóveis neste final de 2025 é uma eventual falta de chips para veículos, uma vez que as forjas de processadores estão mais ocupadas com processadores voltados para IA.
Na visão do executivo local da Qualcomm não há motivos para receios em relação à falta de chips para a indústria automobilística. Ao contrário dos rumores do setor para 2026, Tonisi explicou que o mercado de chips estará bem estabelecido. No máximo, a dificuldade será para o desenvolvimento de chips mais antigos, como os modelos de 10 nanômetros.
Disse ainda que a indústria automobilística tem avançado e que o carro hoje é um computador sob rodas que utiliza sensores e chips avançados. Isso é mais forte na indústria chinesa, mas é acompanhado de perto pelas montadoras norte-americanas e europeias.
Atualmente, Tonisi explicou que os carros têm capacidade de operar 100 TOPS (operações de Tera por segundo), mas afirmou que poderá chegar a 1.000 TOPS em breve. Para efeito de comparação, um computador potente hoje tem 45 TOPS em média.
