Nas últimas décadas a televisão ganhou o apelido de "babá eletrônica", um tanto injusto com as babás de carne e osso, que trabalham duro e fazem muito mais do que somente entreter os baixinhos. Essa função da TV é bem conhecida por pais de crianças pequenas, como é o meu caso. Há momentos em que você quer (precisa?) ligar a TV e "desligar" as crianças, para ter aquela meia-hora de folga para jantar, pagar as contas ou tomar um banho.

No último ano, porém, nós, ou melhor, as crianças, trocaram de "babá". Ao entrar em casa no fim do dia a frase que ouço invariavelmente é "Pai, me empresta seu iPad?". Meus filhos, e tantos outros, foram capturados pela facilidade de uso e interface amigável e visualmente atrativa dos tablets.

Isso é bom? Depende, claro, do tempo de uso, e do que as crianças fazem no tablet. Porque essa ferramenta pode ser qualquer coisa. Eles podem usar para ver vídeos no YouTube (minhas filhas adoram os desenhos da "Turma da Mônica", sempre disponíveis para serem vistos e revistos), para desenhar, ler ou jogar.Assim como com a TV, as crianças ficam entretidas por todo o tempo em que lhes for permitido brincar com o aparelho. Mas há entre os dois dispositivos uma diferença fundamental. No tablet, a criança é ativa, escolhe o que vai fazer e em geral, pelo menos no nosso caso, escolhe atividades que ao contrário de "desligá-las", estimulam o raciocínio e a criatividade.

Além do YouTube, minhas filhas usam o iPad para desenhar, com o aplicativo da Crayola, ou criar personagens da (de novo…) Turma da Mônica, inspirados nos amigos e parentes. Às vezes gostam de batucar no "Garage Band", ou ler livros interativos como "Yellow Submarine" (já são pequenas beatlemaníacas) ou "Narizinho Arrebitado", com suas ilustrações animadas e jogos.
Meu caçula, de quatro anos, replica no tablet seu amor por quebra-cabeças, jogando todo tipo de game relacionado a puzzles e solução de problemas, como "Cut the Rope" ou "Where's my Water". São jogos geniais, que eu também confesso gostar de jogar, embora não o faça com a mesma desenvoltura do garoto.

Nada disso substitui a leitura de livros e gibis, os jogos de tabuleiro e cartas, as brincadeiras ao ar livre, a escola. Mas os tablets, muito mais que a TV ou mesmo os PCs, levaram o entretenimento infantil a outro patamar. Não me lembro de outro dispositivo que tivesse tanto apelo e ao mesmo tempo agregasse tantas qualidades educacionais.

Comprando material escolar essa semana, aliás, não conseguia deixar de pensar em quando esses livros didáticos grandes e pesados serão substituídos por e-books, recheados de diagramas animados, filmes, exercícios, em dispositivos conectados, para que as crianças possam estudar em grupo à distância, trocar ideias com os colegas, tirar dúvidas. Por que não?
Não adianta virar as costas à tecnologia. Ela já chegou, e já está mudando nossos hábitos e a forma como nos entretemos, informamos, aprendemos. De minha parte, estou achando a nova "babá" bem mais estimulante que a anterior. E as crianças concordam.