Em um universo cada vez mais móvel, a tendência é que os usuários migrem o seu consumo de entretenimento para dentro dos seus smarphones. Isso vale para filmes, músicas mas também para revistas em quadrinhos. Apostando neste nicho, Grupo Omelete investiu R$ 2 milhões e se tornou o principal investidor do aplicativo brasileiro Social Comics (Android e iOS) que deve chegar a outros países da América Latina no segundo semestre desse ano.

Lançado no Brasil em agosto de 2015, o app dá acesso a um catálogo de HQs nacionais, incluindo autores da nova geração de quadrinhos, como Gabriel Bá e Fábio Moon, e títulos internacionais de editoras como a norte-americana Dark House Comics. O catálogo tem hoje 1,4 mil obras. O serviço funciona com um sistema de assinatura mensal, ao preço de R$ 19,90, que garante acesso ilimitado. Os livros não são baixados para o smartphone, mas acessados na nuvem, através do app.

Com o dinheiro injetado pela empresa de eventos e cultura pop, a start-up deve melhorar a parte de usabilidade do aplicativo e investir no marketing, além de fazer sua primeira abertura em novos territórios na região latino-americana, a partir do segundo semestre.

“A América Latina é o nosso primeiro tiro. A plataforma está pronta para outras praças, mas precisamos colocá-la para funcionar direito no Brasil”, afirmou João Paulo Sette, sócio-fundador da Social Comics.

Em 2015, a Social Comics fechou o ano com 15 mil usuários cadastrados, 5 mil a mais que a sua estimativa inicial. Para este ano, a start-up espera chegar aos 100 mil usuários com a internacionalização do app e a entrada de quadrinhos de grandes editoras internacionais, ainda em negociação. Nós já estamos com bom relacionamento com editoras nos Estados Unidos e Europa", afirma.

Comprando a ideia

Antes do Omelete, Sette disse que o Social Comics recebeu proposta de outra empresa, mas não vendeu pois queriam comprar o aplicativo na totalidade. Por outro lado, como um dos motivos para ter feito esse investimento, Pierre Mantovani, CEO do Grupo Omelete, revela que um dos pilares foi o fato de a Social Comics estar nas mãos dos empreendedores.

“Acompanhamos o Social Comics desde a confecção da ideia. Um ano depois vimos o crescimento e decidimos investir”, disse Mantovani.  “A plataforma tecnológica e sua disposição são geniais. Encaixam muito bem ao nosso ecossistema e pode ser um celeiro de ideias”.

O CEO do Omelete disse ainda ver no modelo de streaming do Social Comics uma vantagem ante grandes rivais. Amazon, Google e Apple trabalham com o modelo de venda avulsa por edição, com o download das HQs.

Conteúdo original e exclusivo

A Social Comics planeja criar um prêmio para artistas independentes desenvolverem e lançarem seus quadrinhos na plataforma. Ele explica que a Social Comics já apoiou um artista brasileiro, Guilherme de Souza, autor do quadrinho “Última Bailarina”.

“Estamos pegando alguns artistas em potencial e investindo neles. Queremos potencializar outros business para essa galera ganhar uma projeção maior”, explica o empreendedor. “Nós já temos conteúdo exclusivo. Em paralelo, estamos trabalhando conteúdos originais para o Social Comics, que devem ser lançados em 2017”.

'Quadrinho animado'

O sócio-fundador da plataforma não descarta a possibilidade de investir em motion comics – tecnologia conhecida como ‘quadrinhos animados’, que permite fazer animações nos quadrinhos digitais com movimento dos personagens, narração, som, trilha sonora e som ambiente, quadro a quadro.

"O caminho para mim é o motion comics”, afirma Sette. “Temos uma geração que não está acostumada com a leitura. Essa categoria de quadrinhos animados deve crescer com pequenos ajustes nos movimentos, narração e trilha sonora. Já vi alguns exemplos nos Estados Unidos".

Enquanto o Motion Comics não chega, a start-up deve apresentar melhorias no aplicativo nas próximas atualizações. Sette acredita que o Social Comics deverá melhorar a experiência de leitura do usuário ao adicionar a animação de "virada de página" com arrastar do dedo na tela – similar ao e-book Amazon Kindle.