A comunidade evangélica cresce ano a ano no Brasil. Junto com ela, aumenta também a produção de conteúdo religioso em diversos formatos e plataformas, para atender à demanda desse público. Dentro desse contexto, uma empresa mineira se especializou na produção de conteúdo cristão para dispositivos móveis e para outras mídias digitais. Trata-se da eMotion, que registrou faturamento de R$ 4 milhões no ano passado e projeta R$ 7 milhões para este ano.

Não se trata de um conteúdo facilmente encontrado. Para evitar polêmicas, as operadoras móveis brasileiras não oferecem conteúdo religioso com suas marcas, apenas através de terceiros, como seus integradores, e evitam fazer campanhas de divulgação. A promoção acaba ficando a cargo das próprias igrejas parceiras da eMotion: muitas delas possuem rádios, TVs e editoras próprias. Hoje a eMotion trabalha com conteúdo de 15 denominações cristãs e conta com o apoio de pastores populares dentro dessas comunidades.

"Como há várias linhas de cristianismo no Brasil, tomamos cuidado para sermos neutros. Quando um projeto de conteúdo cristão é lançado sem acompanhamento especializado, corre o risco de desagradar a parte da comunidade", comenta Reinaldo Magalhães, sócio da eMotion. Em alguns canais de conteúdo, a empresa procura ser abrangente o suficiente de forma a atrair o interesse também de católicos e até de espíritas, mas sem desagradar aos evangélicos.


A produção de conteúdo é feita para as variadas plataformas disponíveis em mobilidade, desde canais de SMS e MMS, até streaming de música, vídeo, sons de chamada e wallpapers. Há canais só com versículos, outros só com salmos, e também alguns com notícias de interesse para a comunidade cristã. No caso de som de chamada, há não apenas músicas gospel mas também pregações.

Em alguns casos a empresa recebe revenue share, em outros têm simplesmente um contrato de fornecimento de conteúdo a um preço fixo. Por isso, não consegue medir qual é a sua base total de usuários móveis.

Princípios

Tanto Magalhães quanto o fundador da eMotion, Fred Valente, se orgulham de seguir nos negócios os mesmos princípios cristãos que pregam no dia a dia. A empresa também produz conteúdo não religioso, ou secular, como preferem classificar, mas com restrições: temas adultos e esotéricos, por exemplo, estão proibidos.

Hoje, considerando apenas a área de conteúdo, 70% da receita vem de canais religiosos e 30%, de seculares. A empresa também desenvolve aplicativos para terceiros, em um braço de serviços técnicos.