| Publicada originalmente no Teletime | Em entrevista concedida à imprensa chinesa, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que o leilão de 5G previsto para 2021 não deve trazer restrições a empresas por conta de seus países de origem. O VP também projetou impactos econômicos caso a atuação da Huawei seja barrada no País.

As declarações foram dadas nesta última terça-feira, 1, à agência de notícias Xinhua. “Não distinguimos as empresas pelo país de origem, mas sim pela sua capacidade em oferecer produtos e serviços confiáveis, seguros e, obviamente, a preços competitivos”, afirmou Mourão, na ocasião.

De acordo com a agência, o vice-presidente também teria alertado que uma eventual restrição à Huawei no País poderia atrasar a instalação do 5G, reforçando o que ele já havia dito em agosto. A decisão causaria impactos econômicos, sobretudo caso fosse exigida a retirada dos equipamentos da empresa das redes de telecom.

Pressão

Por outro lado, Mourão teria negado pressão ou ameaça norte-americana para que o Brasil barre a fornecedora. Segundo a Xinhua, o vice-presidente vê a postura dos EUA (que tem advogado pelo banimento da Huawei em países aliados) como “um alerta para os riscos à segurança que os americanos identificaram nestas novas tecnologias”.

Assim, um marco regulatório eficiente poderia mitigar os receios, de acordo com Mourão. “Nossas decisões nesta matéria, assim como em qualquer outra, serão soberanas e responsáveis, seguindo critérios técnicos, econômicos e de segurança nacional que forem estabelecidos por nossas autoridades competentes”.

Embate

A gestão de Donald Trump acusa a Huawei de espionagem e obediência ao governo chinês, mas a fornecedora vê um caráter comercial na ofensiva. Além dos EUA, países como Reino Unido e Austrália já barraram a atuação da empresa no 5G.

Recentemente, a embaixada chinesa no Brasil reagiu publicamente a artigo de representante do Departamento do Estado dos EUA que defendia um 5G brasileiro sem a Huawei. Em entrevista ao Teletime, o embaixador da China, Yang Wanming, afirmou esperar uma decisão “racional” sobre o tema.

Segundo o Ministério das Comunicações, uma diretriz sobre eventuais restrições deve ser dada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas provavelmente em 2021. O próprio Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, já deram indícios de um possível alinhamento com os EUA.