Ao longo do dia abrimos aplicativos diferentes, dependendo da hora e do local onde estamos. Imagine se o smartphone apresentasse para o usuário em sua tela uma lista dinâmica de ícones de apps, de acordo com a necessidade do momento, com base no seu histórico de utilização e algoritmos com inteligência artificial? Essa é a proposta do aplicativo Aprrow (Android), lançado há poucas semanas pela startup MobileUX, criada pelo empreendedor brasileiro Rodrigo Martineli, ex-executivo da HP e que hoje vive nos EUA.

O Aprrow organiza os aplicativos em grupos, chamados de “stax”. Cada stax pode virar um widget na tela do smartphone Android, para acesso mais rápido, ou pode ser aberto dentro do Aprrow mesmo. A primeira coisa que o Aprrow faz é mostrar um stax com os aplicativos mais utilizados pelo consumidor. Depois de alguns dias, ele apresenta o chamado “smart stax”, que lista de maneira dinâmica os aplicativos mais relevantes para o usuário naquele momento, levando em conta o dia da semana, a hora do dia e a localização. “Com duas a quatro semanas de uso ele fica afiadíssimo”, afirma Martineli, da MobileUX.

O usuário também pode criar seus próprios stax e adotá-los como widgets. É possível compartilhá-los com amigos que tenham o Aprrow instalado. Uma possível utilização é no ambiente de trabalho: uma empresa pode montar um stax com apps básicos que todos os funcionários devem usar.

A solução criada pela MobileUX é fruto de uma ideia que Martineli teve quatro anos atrás. Ela está com pedido de patente pendente. “O Aprrow é quase um launcher, mas não é. Entrega personalização, mas não toma conta do aparelho. Você pode adicionar o smart stax na homescreen como um widget”, descreve.

Modelo de negócios

Para monetizar, a empresa vende os stax construídos por sua equipe de curadoria. São grupos de apps temáticos. Podem ser aplicativos relacionados a uma cidade, por exemplo, voltados para os turistas que a visitam. Ou então, apps para um determinado estilo de vida. Ou ainda apps recomendados por uma celebridade. A empresa já criou 180 stax temáticos diferentes. E foram firmadas parcerias com algumas celebridades, como o ex-goleiro da seleção brasileira Taffarel e a atriz Sthefany Brito. Neste caso, são as celebridades que indicam os apps que farão parte. Cada stax custa o equivalente a US$ 1. As celebridades ficam com uma parte da receita de venda dos seus stax.

Os stax são compostos de links para o download de apps gratuitos. Uma vez baixado um stax, o usuário precisa depois instalar um a um cada aplicativo contido nele.  Além dos aplicativos, cada stax pode incluir um papel de parede e, no caso das celebridades, links para suas contas oficiais em mídias sociais.

“Antigamente as pessoas queriam saber o que as outras levavam na carteira. Agora querem saber o que tem no smartphone. Cada smartphone é diferente, como se fosse uma digital. Não existe uma homescreen igual no mundo”, comenta Martineli.

O usuário pode também carregar créditos no Aprrow, que são convertidos em uma moeda virtual, que serve para compras dentro da plataforma. Em um sistema de gameficação, o aplicativo distribui moedas conforme o usuário realiza algumas ações, como o compartilhamento de um stax.

Futuro

A MobileUX prepara para dezembro o lançamento da versão para iOS. Como o iPhone não trabalha com widgets, os stax serão acessados somente por dentro do Aprrow. Quando houver compartilhamento de stax entre usuários de sistemas operacionais diferentes (de Android para iOS ou vice-versa), a plataforma faz a conversão dos links para as lojas de aplicativos corretas. Se o app não existir no sistema operacional do destinatário, o Aprrow vai informá-lo. Há planos também de trabalhar com streaming de apps, com a tecnologia PWA.

A MobileUX está concentrando sua estratégia em países de língua inglesa (EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália, Nova Zelândia) e no Brasil. Daqui a um ano a companhia espera ter 500 mil usuários, dos quais 30% no Brasil e 70%, no exterior. Também daqui a um ano, projeta ter um catálogo de 500 stax e parcerias com 50 celebridades.