A Cielo destinará grande parte de seus esforços no segundo semestre para a expansão da entrega de maquininhas e pós-venda com um time dedicado, assim como o uso de um FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios ) para oferecer linha de crédito a seus clientes. Segundo Gustavo Sousa, CEO da companhia, essa estratégia faz parte do tripé de prioridades: fortalecer sua posição de adquirência, inovar em pagamentos e expandir a atuação na cadeia de valor.

“Queremos intensificar as ações que trazem melhoria de qualidade ao nosso serviço. Temos a convicção de que qualquer expansão na cadeia de valor, como novos negócios, depende de um core de adquirência muito bem estruturado e com qualidade de serviço excelente”, disse o executivo, em conversa com jornalistas especializados nesta terça-feira, 3.

Na oferta de last mile, a Cielo batizou o serviço como Heroes. São profissionais dedicados e uniformizados que farão a entrega e o pós-venda junto ao lojista. No primeiro semestre, a equipe do Heroes atuou em seis cidades e atendeu 1,8 mil comerciantes. Agora, a empresa espera expandir esse serviço para 153 cidades para atender 80% dos seus clientes.

“O onboarding fica mais prático com o Heroes. Às vezes, o profissional até ensina o cliente a usar o app. Isso é feito com um time de campo exclusivo da Cielo e tem por objetivo encantar o cliente em todo o negócio, não apenas na entrega de máquina. No piloto, 99% das solicitações foram atendidas no prazo de dois dias e atingimos satisfação de 96% dos clientes”, explicou Filipe Augusto, head de estratégia e FP&A da adquirente.

“Queremos expandir esse modelo para 153 cidades que representam 80% dos chamados. Depois partiremos para a implantação de um sistema de gestão logística. E, por último, a integração entre logística e atendimento”, relatou o head.

Expansão

“Em novas possibilidade de negócios, nós captamos um FIDC com capital de giro (fumaça, no jargão do mercado financeiro) para originar linhas de capital de giro para os nossos clientes. Esse é um primeiro passo para essas ofertas (de SVA, ou serviço de valor agregado)”, explicou Sousa. “Esperamos desembolsar até R$ 450 milhões dependendo do recurso. Importante dizer que uma linha de capital de giro não é uma antecipação de recebíveis. Com o histórico de vendas do lojista em mãos, eu posso apoiá-lo com crédito. Esperamos utilizar (o montante) ao longo do segundo semestre”, completou.

Para essa estrutura, a adquirente emitiu dois FIDCs no primeiro semestre para expansão de produtos de prazo e crédito. Com eles, a companhia angariou R$ 6,7 bilhões. Esta oferta de crédito entra na parte de expansão da cadeia de valor e é considerada um serviço de valor agregado da Cielo para seus consumidores.

Liquidez

Parte desse direcionamento da Cielo foi obtido com a busca de liquidez. A maior parte dele foi feita com os FIDCs. Mas a empresa também contabilizou as vendas das plataformas Orizon e Elo, que adicionou R$ 509 milhões aos cofres. Somando FIDCs e as vendas dos ativos, a Cielo obteve R$ 7,2 bilhões.

“Isso fez com que o perfil de endividamento, associado ao liability management, trouxesse um prazo de 16 para 25 meses. Ou seja, a gente alongou um pouco a dívida com essas ações que foram tomadas. A posição de caixa no final de junho foi de R$ 12 bilhões, frente a um compromisso que temos de endividamento e obrigações de R$ 11,8 bilhões para os próximos três anos”, completou Augusto.

Agrega-se a esse desenvolvimento uma “disciplina financeira”, como explicou o head da Cielo. No segundo trimestre de 2021, a empresa reduziu em 3,8% seus gastos totais, de R$ 1,06 bilhão para R$ 1,026 bilhão.

Investimento

Por outro lado, a busca por uma melhoria da qualidade de serviços trará gastos adicionais no segundo semestre de 2021. Sem fazer previsões, o CEO disse que todos os pontos de contato da Cielo estão sendo reavaliados para potenciais investimentos até o final deste ano.

“Em todos os pontos de contato com o cliente, nós estamos revendo tudo. Seja no time comercial, na logística ou em canais de relacionamento, como site e app”, afirmou Sousa. “Tudo que é gasto estrutural da companhia continuará nesse esforço e nessa disciplina de eficiência. Mas isso não exclui a possibilidade que tenhamos que fazer investimentos em uma central de atendimento ou reformulação de canais digitais”, concluiu.

Aqui é importante dizer que Augusto, head de estratégia e FP&A da adquirente, afirmou que um dos investimentos será em sistemas de reconhecimento de dados para a força de vendas. O objetivo é que o time de campo tenha recomendações mais precisas para ajudar no atendimento ao cliente.