Rony Breuel, CEO da BR Mobile

O segmento de hardware as a service (HaaS), que permite alugar equipamentos de informática como PCs, impressoras, tablets e celulares, era pouco conhecido no Brasil e basicamente mais usado em segmentos corporativos. Mas o cenário mudou com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade de as pessoas trabalharem de casa: as empresas do setor sentiram as buscas por seus serviços aumentarem significativamente. Para entender o mercado, Mobile Time ouviu representantes de três empresas que oferecem o HaaS: BR Mobile, Agasus e Positivo.

“A demanda cresceu muito, chegando a triplicar o número de cotações enviadas. Fizemos um esforço incrível para atender todos nossos clientes, e inclusive dobramos nossa equipe de suporte técnico justamente para que a implementação fosse facilitada e todos os desafios de rodar uma empresa remotamente fossem reduzidos ao máximo”, disse Rony Breuel, CEO da BR Mobile. “Hoje temos cerca de 3 mil dispositivos alocados em clientes corporativos (contratos acima de 12 meses)”, completou.

Com dez anos de operação, a companhia de Breuel atua com empresas médias e grandes. Os contratos de locação de equipamentos variam de 12 a 60 meses e oferecem handset, linha telefônica, Internet, suporte técnico, logística e manutenção e locações pontuais. Neste período ainda de isolamento social e home office, os equipamentos Android são os mais pedidos pelos clientes.

Em um dos cases, com a James Delivery, a BR Mobile forneceu também carregadores para os entregadores. Em outro case, a companhia disponibilizou 1 mil tablets ao Ibope para fazer pesquisa para o Ministério da Saúde. Outros clientes da empresa são BMW, Cyrela, Tegma, Whirpool, Unimed e 99 Jobs.

Apesar do crescimento de cotações, houve um recuo no segmento de eventos presenciais, uma das linhas importantes que atendia por contratos de curta duração. Por isso, a expectativa do CEO é que a empresa mantenha o faturamento de 2019 em 2020, mas acredita em crescimento para 2021 e 22. “Nossa meta para 2020 é manter o faturamento de 2019. Estamos olhando para 2021 e 2022, reformulando todo nosso modelo comercial. Nossa meta é triplicar o faturamento daqui a três anos”, explicou o executivo.

“Há 9 anos crescemos em média 30% ao ano. Este ano nossa previsão era manter o crescimento, mas precisamos ser realistas. Enquanto não houver cura para a Covid-19, menos eventos presenciais serão realizados, e menos receitas teremos neste mercado”, concluiu.

Com trade-in

Renê Almeida (azul) e João Lima (branco), os CEOs da Agasus

Outra empresa do setor de HaaS que viu crescimento durante a crise é a Agasus. A firma, inclusive, adquiriu a JR1, uma companhia especializada em revenda de equipamentos seminovos. Seu foco é em notebooks, mas, Renê Almeida, Co-CEO da Agasus, explicou que a demanda por dispositivos móveis tem aumentado.

“Temos clientes como Leroy Merlin em mobilidade. Mas a Enel é nosso maior cliente em mobile, com um produto customizado para fazer medição de energia: um smartphone Samsung Galaxy A, de medição de energia com capa protetora robusta, travada na capa de energia do celular que inviabiliza o roubo. Os smartphones que eles usam nas lojas possuem software que a gente embarca a pedido deles. Ainda temos a Riachuelo com PCs de loja no Brasil todo; e temos um cliente novo que é a HDI, com PCs”, disse Almeida.

Em handsets, a Agasus tem a Spring como fornecedora de conectividade. Com opções de contratos de aluguel de curto-prazo (1 dia até 12 meses) e de longo prazo (12 meses até 5 anos), a companhia ainda atua com trade-in (troca de equipamento usado por novo) e tem como cliente pequenas, médias e grandes empresas, mas tem visto um forte crescimento entre as PMEs, em especial entre firmas com até 15 funcionários.

Com a recente aquisição da JR1, a Agasus buscou incrementar seu faturamento em R$ 15 milhões e, assim, terminar o ano com o objetivo original de uma receita anual de R$ 95 milhões.

Grandes

Norberto Maraschin Filho, VP da Positivo

Além de empresas que eram pouco conhecidas e estão crescendo, o setor de HaaS registrou um avanço entre as fabricantes de dispositivos neste ano. É o caso da Positivo Tecnologia com a Positivo as a Service. Conforme explicou seu vice-presidente de negócios de consumo e mobilidade, Norberto Maraschin Filho, a unidade de negócios pode avançar para outras frentes.

“Não foi a pandemia que fez crescer o Haas. Ele cresce desde o ano passado. Se você aluga, você reduz imposto de renda, ou seja, tem benefício de IR em alugar e não comprar. Ele diminui a necessidade de capital de giro e ajuda no planejamento tributário. E a entrada da Vaio ajudou a desenvolver esse negócio. O hardware as a service vai crescer. Temos projeto com maquininhas, tablets e smartphones”, explicou Maraschin. “Temos parceria com a Vivo nisso há anos e vamos continuar. Além disso, a parte de telefone está no deal. Muitas empresas estão buscando contrato de locar smartphones sem a operadora. O IoT começa a ter empregos interessantes. O hardware as a service (da Positivo) está aberto para qualquer projeto”, completou.

Sem falar em números, o relatório financeiro da fabricante no segundo trimestre de 2020 abordava que a unidade de negócios estava em “expansão”, tinha “boa penetração no mercado de clientes corporativos que buscam alternativas ao Capex” e informava que o fato das empresas terem “orçamentos mais restritivos em função da crise” permite “aumentar o foco para a locação de equipamentos de TI no Brasil”.