A agroindústria brasileira está descobrindo os benefícios das soluções de mobilidade corporativa. Um dos pioneiros nesse aspecto é o Grupo André Maggi, do Mato Grosso, que adota desde 2010 uma solução em tablets para acompanhar desde o plantio até a colheita em seis fazendas que produzem soja, algodão e milho, em uma área total de aproximadamente 250 mil hectares.

Na prática, os tablets substituíram os formulários em papel na anotação de dados no campo, o que inclui o controle fitossanitário da lavoura, com a identificação dos pontos eventualmente afetados por pragas, assim como o controle na aplicação de defensivos agrícolas. Pelos tablets, é feito também o registro das máquinas e da mão de obra utilizados em cada fase da produção. Os passos dos colaboradores são rastreados pelo GPS do tablet, tornando possível saber exatamente em que locais foram coletadas as informações. O aplicativo instalado permite ainda que o funcionário tire fotos ou grave mensagens de voz sobre o que vê na lavoura.

Antes, os formulários levavam de três a cinco dias para chegarem ao escritório central da empresa, onde eram digitados antes de serem analisados. Agora, quando os colaboradores retornam à fazenda no fim da tarde, os dados coletados são sincronizados via Wi-Fi e transmitidos para a sede da Maggi, onde são analisados ao longo da noite por um software que gera relatórios e alertas para os agrônomos responsáveis.

No dia seguinte, com base nas informações coletadas, os coordenadores criam ordens de serviço para os funcionários do campo, como a aplicação de herbicidas ou a decisão de iniciar a colheita. Essas ordens são transmitidas via Bluetooth pelo tablet desses coordenadores para os tablets dos funcionários que vão a campo. Cerca de 140 empregados do grupo usam o equipamento, entre monitores de campo, supervisores e coordenadores.

Segundo Ricardo Moreira, gerente de controle de produção do grupo André Maggi, a opção pelos tablets se deveu justamente por se tratar de um equipamento que permite uma via de mão dupla para a informação entre os colaboradores no campo e os executivos da empresa. Antes, a maioria das soluções de mobilidade usavam coletores de dados que custavam caro (cerca de US$ 4 mil cada) e que não eram capazes de receber de volta ordens de serviço. Os tablets têm ainda a vantagem de poderem armazenar material de referência, como manuais do maquinário e instruções para procedimentos diversos no campo, que podem ser consultados a qualquer momento pelos colaboradores na lavoura.

Desenvolvimento

A solução adotada pelo grupo André Maggi foi desenvolvida pela Totvs. "Levei (os técnicos da Totvs) lá na lavoura, para sentir o sol na cabeça e ver como as pessoas iriam trabalhar. Houve uma integração entre os programadores e os usuários do app. Era importante que entendessem as dificuldades encontradas no campo", relembra Moreira. A partir dessa experiência, chegou-se à conclusão, por exemplo, de que uma tela com fundo amarelo daria mais visibilidade debaixo do sol. A empresa criou também um case especial para proteger os equipamentos do sol e do orvalho. E o app, desenvolvido para Android, tem uma interface intuitiva e botões simples, para facilitar o uso."Na época ouvimos muitas críticas de que a mão de obra não iria aderir à tecnologia. Provamos o contrário", relata Moreira. Muitos dos colaboradores já tinham celulares avançados e o treinamento precisou focar mais no software e nos processos do que no hardware em si.

"Esse foi o primeiro grande caso de mobilidade da Totvs no Brasil para o agronegócio, pegando a cadeia produtiva como um todo, do plantio à colheita. Hoje, temos mais de 400 clientes na agroindústria", informa Fábio Girardi, diretor do segmento de agronegócios da Totvs.