Antes da pandemia, a ClickBus (Android, iOS) vinha crescendo mês a mês o seu volume de passagens comercializadas de ônibus interurbano. Chegou a bater seu recorde no carnaval de 2020. O surgimento do novo coronavírus em março, contudo, fez com que suas vendas despencassem 80% da noite para o dia. De lá para cá, a empresa vem recuperando pouco a pouco. À exceção da Black Friday, quando conseguiu vender mais passagens que na mesma data de 2019, as vendas ainda não voltaram ao patamar pré-pandemia. Em janeiro, foram mais de 600 mil passagens comercializadas, volume 20% abaixo do mesmo mês de 2019. Em fevereiro, em razão do cancelamento do carnaval, as vendas ficaram 30% menores. Para efeito de comparação, a empresa já havia conseguido vender mais de 1 milhão de passagens em um mês antes da pandemia.

O CEO da companhia, Fernando Prado, ressalta, contudo, que o desempenho durante essa crise está bem acima da média do setor rodoviário. Desta forma, a ClickBus conseguiu triplicar seu share em vendas de passagens de ônibus ao longo de 2020. Uma das razões reside na mudança de comportamento do brasileiro, que tem procurado cada vez mais canais digitais no lugar de guichês em rodoviárias para comprar os tíquetes durante a pandemia. Isso sem falar na facilidade e na agilidade do pagamento através do app.

“As empresas digitais ganharam espaço. Aconteceu uma mudança forçada de hábito dos consumidores, o que impactou o digital como um todo”, comentou, em conversa com Mobile Time. O executivo espera ansioso pelo fim da pandemia, quando acredita que haverá um boom nas vendas digitais de passagens de ônibus. “No pós-vacina, em teoria, esse mercado vai se digitalizar ainda mais. Vai ser uma corrida pelo ouro, vai ser um momento muito especial”, prevê. Prado estima que os canais digitais representem hoje cerca de 20% das vendas de passagens para viagens rodoviárias.

Vale informar que o mobile exerce um papel importante na ClickBus. No começo da empresa, em 2013, 100% das vendas aconteciam via desktop. Hoje, apenas 30%. O restante vêm do app e do site móveis. “Grande parte dos nossos clientes só tem o celular para acesso à Internet”, diz. A ClickBus hoje adota uma estratégia mobile first, ou seja, prioriza o lançamento de novas funcionalidades pelo celular.

O executivo destaca ainda o benefício da chegada do Pix, tornando possível que pessoas sem cartão de crédito mas com contas digitais possam comprar passagens pelo app. A opção foi adicionada no fim do ano passado e, em menos de um mês, o Pix já representava 15% das vendas. “Com o Pix abrimos uma nova fronteira. O leque de potenciais clientes aumentou”, disse.

Competição

Prado vê com bons olhos o aumento da competição na venda digital de passagens de ônibus interurbano, pois os competidores contribuem para educar o mercado. O executivo, por outro lado, descarta a possibilidade de a ClickBus se aventurar em outros modais, como passagens de avião. “Prefiro ser o maior player de ônibus do que ser uma Decolar pequena. Tem tanto mercado a ser explorado (em passagens rodoviárias) que é melhor focar”, argumentou.