A telessaúde avança no Brasil, desde o forte estímulo da pandemia de Covid-19. O agendamento de teleconsultas, por exemplo, subiu de 13% para 34% entre 2022 e 2023, enquanto o de exames aumentou de 11% para 19%. Os dados são da pesquisa TIC Saúde 2023 lançada nesta terça-feira, 4, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br.
Já a visualização de prontuário cresceu dez pontos percentuais, de 8% para 18%. No sistema privado, houve um aumento na visualização online de resultados de exames, de 33% para 40% em relação ao mesmo período.
A opção de teleconsulta dentro dos estabelecimentos públicos subiu seis pontos percentuais, chegando a 21% em 2023. No setor privado, são duas em cada dez unidades que disponibilizam serviços como telediagnóstico e teleconsulta. Em relação às regiões no Brasil, a consulta online foi mais presente no Norte e Nordeste, com 24% para cada localidade.
Inteligência artificial na saúde
Ao analisar a aplicação de inteligência artificial (IA) nos estabelecimentos de saúde, foram cerca de 3,2 mil que utilizaram dessa tecnologia em 2023 – sendo a maior parte provinda da rede privada, com aproximadamente 2,8 mil do total.
O estudo mostra que as ferramentas mais utilizadas por aqueles que adotaram IA estão voltadas para a automatização de processos de fluxos de trabalho (46%), o uso de reconhecimento de fala (33%), e na mineração de texto e análise de linguagem escrita ou falada (32%). Em contrapartida, o reconhecimento e o processamento de imagens, assim como a aprendizagem de máquina para predição e análise de dados, foram aplicados em uma porcentagem menor, com 21% e 16%, respectivamente.
O objetivo do uso da IA foi melhorar a segurança digital (45%), apoiar a organização de processos clínicos e administrativos (41%) e melhorar a eficiência dos tratamentos (38%).
Já 63% dos gestores entrevistados não consideraram a tecnologia como uma prioridade a partir das unidades de saúde que não usufruíram de soluções baseadas em IA. Segundo a pesquisa, o motivo é pela incompatibilidade com equipamentos, software ou sistemas existentes no estabelecimento de saúde (52%), custos muito elevados (50%) e falta de necessidade ou interesse (49%). Por outro lado, questões como a preocupação com a violação da proteção de dados e privacidade (39%) e questões éticas (22%) foram as menos citadas.
“Estamos lançando muito em breve o observatório brasileiro de inteligência artificial e estamos conduzindo, para o segundo semestre, uma publicação exclusiva de IA no setor da saúde”, disse Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, em evento para a apresentação do estudo.
Outras tecnologias
As tecnologias como serviços em nuvem, blockchain (1%), robótica (3%) e Internet das Coisas (IoT) com 4% tiveram um baixo percentual sobre as suas aplicações em estabelecimentos de saúde – público ou privado. Vale dizer que o percentual de nuvem nem foi citado.
O executivo afirmou que espera que a pesquisa possa servir de guia para a elaboração de políticas públicas efetivas, ser um subsídio relevante para pesquisas acadêmicas e, sobretudo, que possa orientar um debate bem informado sobre tecnologia na saúde.
Metodologia da pesquisa
Na 10ª edição da TIC Saúde 2023, as entrevistas foram realizadas entre fevereiro e agosto de 2023 com 4.117 gestores de estabelecimentos de saúde localizados em todo o território nacional.