PRÓS:

  • 4 GB de RAM
  • relação custo/benefício
  • Alguns dos apps pré-instalados surpreendem

CONTRAS:

  • Câmera
  • Excesso de apps pré-instalados pode irritar usuários experientes

O Asus Zenfone 2 é um aparelho com preço de gama média, mas com algumas especificações que o permitem competir com aparelhos top de linha de outros fabricantes. Antes de recebê-lo, eu vinha utilizando o Moto Maxx, até então considerado um dos smartphones Android com as melhores especificações do mercado. Fatalmente, minhas impressões em relação ao Zenfone 2 acabaram sendo influenciadas pela comparação com a experiência imediatamente anterior com o Moto Maxx. Discorro abaixo sobre o que achei após três meses de uso diário do Zenfone 2 como meu telefone pessoal.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foi que o Zenfone 2 travou pouquíssimas vezes ao longo de todo esse período, apesar do meu uso intenso com um monte de apps pesados abertos simultaneamente. O telefone engasgou poucas vezes e só recentemente registrou alguns episódios de lentidão, principalmente com o app de discagem que eu uso, o Drupe. De maneira geral, arriscaria dizer que seu bom desempenho se deva aos 4 GB de RAM, algo ainda raro mesmo entre os top de linha mais recentes – o S6 Edge+ tem 3 GB, por exemplo, assim como o Moto Maxx e seu recém-anunciado substituto, o Moto X Force. Conta a favor do Zenfone 2 o fato de já vir com o Android Lollipop instalado, enquanto o Moto Maxx traz de fábrica o KitKat – só comecei a notar problemas com o Moto Maxx depois que atualizei para o Lollipop. Pode ser também que o chipset da Intel faça diferença, embora na análise fria dos números ele seja pior: é um quadcore de 2,3 GHz, enquanto o Moto Maxx utiliza o Snapdragon 805 da Qualcomm, um quadcore de 2,7 GHz.

Uma característica marcante do Zenfone 2 é a farta quantidade de apps pré-instalados, incluindo um launcher próprio. É uma tentativa de se diferenciar a partir do software e da interface com o usuário, exatamente como faz a Xiaomi – aliás, no marketing, fica claro que a Asus procura rivalizar com a fabricante do Redmi. Dentro do Zenfone 2 você encontra de tudo pré-instalado: lanterna, lista de tarefas, otimizador de memória, antivírus, uma solução própria de compartilhamento de mídia em grupo por proximidade (Party Link), um app de edição de fotos, gravador de voz, uma rede social própria, dentre outros. Para quem comprou o Zenfone 2 como seu primeiro smartphone, essa estratégia funciona bem: é como se a Asus pegasse o sujeito pela mão e o conduzisse passo a passo em sua experiência móvel. Com usuários mais antigos, essa estratégia pode irritar, porque a maioria já tem seus apps preferidos para cada uma dessas tarefas. No meu caso fiquei dividido. Embora o excesso de bloatware me incomode, eu gostei de algumas das coisas mais básicas, como a lanterna (sim, a singela lanterna!), que traz algumas funcionalidades extras, como exibir uma mensagem de SOS em código Morse, e o editor de fotos, cuja ferramenta de colagens me pareceu mais bacana que outras que eu vinha usando. Também adotei o otimizador interno de memória RAM em vez de baixar algum tradicional da Google Play. A solução de conexão com a TV, batizada de PlayTo, funciona melhor que o screen mirroring que eu vinha usando em smartphones anteriores. Já o launcher eu não consegui me acostumar e preferi seguir com o Google Now – a sensação é como a de mudar subitamente a diagramação do jornal que você lê todo dia.

Câmera

Na minha opinião, o ponto fraco do Zenfone 2 é a câmera. As fotos que tirei com ele ficaram nitidamente piores que aquelas com o Moto Maxx. Há uma diferença gritante em resolução, é verdade (21 MP no Moto Maxx contra 13 MP no Zenfone 2), mas não creio que este seja o único problema. Fotos tiradas com um iPhone 6S de um amigo nas mesmas situações ficaram melhores, e sua resolução é de 12 MP. Estou me referindo, em todos os casos, a fotos tiradas no modo automático, que costuma ser aquele mais utilizado em fotografias com telefones celulares, pois servem para registrar momentos. É verdade que o Zenfone 2 oferece várias opções de modos de fotos, incluindo ajustes manuais de abertura do diafragma, velocidade do obturador e ISO, algo que poucos smartphones disponibilizam. Desta forma, em situações em que você tenha tempo para planejar uma foto, talvez o software compense as limitações da câmera.

A bateria de 3 mil mAh resistiu razoavelmente bem nesses três meses. No começo durava praticamente o dia inteiro, agora está morrendo no meio da tarde. Não a culpo, pois meu uso é realmente intenso. Um ponto que ajuda bastante é adotar o modo de economia de energia, que oferece cinco diferentes níveis, que podem também ser programados. O que funcionou melhor comigo foi o médio, chamado de "economia de bateria", e que consiste em desligar as redes de dados quando o aparelho está hibernando. Isso aumenta sensivelmente a duração da bateria, podendo ir até de madrugada.

O aparelho caiu no chão algumas vezes nesses três meses, nunca acima de 1 metro e meio. Ganhou alguns arranhões, mas nada demais, e seguiu funcionando normalmente.

Em resumo: o Zen Fone 2 é um aparelho que resistiu bem a três meses de utilização diária por um heavy user exigente, que conseguiu se surpreender com algumas características básicas do aparelho e só sentiu falta de verdade de uma câmera melhor para fotos em modo automático. Sendo assim, é um aparelho com excelente relação custo/benefício.

Ficha técnica

Tela 5,5 polegadas, Gorilla Glass 3
Sistema operacional Android Lollipop
Processador Intel Atom 5380 – quadcore 2,3 GHz
RAM 4 GB
Memória interna 32 GB
Câmera traseira 13 MP
Câmera frontal 5 MP
Bateria 3 mil mAh não removível
SIMcard dual SIMcard
Redes móveis 2G, 3G e 4G