O ecossistema em torno do Sigfox, tecnologia de transmissão de dados sem fio em baixa potência voltada para aplicações de Internet das Coisas (IoT), está tomando forma no Brasil. A rede, que está sendo montada com exclusividade pela empresa WND, conta no momento com 800 estações rádio-base (ERBs) instaladas em 17 capitais estaduais e em várias cidades do interior cobrindo 45% da população brasileira. Cerca de 50 canais de vendas já foram selecionados pra a oferta da conectividade a essa rede e há aproximadamente 100 provas de conceito em andamento no Brasil, informa o diretor de operações da WND, Alex Reis, em entrevista para Mobile Time. Sua expectativa é de que até 2019 haverá 20 milhões de dispositivos conectados à rede Sigfox no Brasil. Para atender a esta demanda, haverá fabricação nacional de aparelhos Sigfox, prevê o executivo.

O Sigfox é um padrão proprietário de origem francesa. Sua principal vantagem é operar em frequências não licenciadas (902 MHz, nas Américas, incluindo o Brasil), com baixíssimo consumo de energia e preço barato tabelado mundialmente: a assinatura anual para envio de duas mensagens por dia por dispositivo custa US$ 0,50. Cada mensagem pode ter até 12 bytes, o que limita o Sigfox a aplicações com baixo consumo de banda, como dados captados por medidores em geral, como GPS, termômetro etc.

As verticais que mais estão demandando soluções em Sigfox no Brasil são as de transportes, logística, segurança, utilities e agricultura, diz Reis. Entre as aplicações possíveis ele cita desde o monitoramento do transporte de alimentos congelados e medicamentos, passando por medidores inteligentes de água e luz, chegando até a sensores no campo para acompanhar a temperatura das vacas para decidir o melhor dia para procriação.

alexreis“Foi por causa da demanda na agricultura que levamos a rede para o Mato Grosso. Resolvemos quebrar o ciclo vicioso de que não tem rede porque não tem solução e não tem solução porque não tem rede. Vamos cobrir o Mato Grosso em áreas onde nem o 2G chega direito, muito menos o 3G”, comenta o diretor de operações da WND.

Rede

A WND detém a exclusividade para a instalação e operação de uma rede Sigfox no Brasil e no resto da América Latina. Ela é uma das 47 operadoras Sigfox espalhadas pelo mundo. Seu investimento no triênio de 2017 a 2019 na montagem da rede brasileira totalizará US$ 50 milhões.

Uma das vantagens do Sigfox é o tamanho reduzido da sua ERB, que pode ser alocada em qualquer fachada ou mesmo em um pára-raios. Isso tem agilizado o avanço da cobertura. A previsão é de que em março o Sigfox estará disponível em todas as capitais do Brasil, somando 1 mil ERBs. Ao fim do ano, serão 2 mil. E ao fim de 2019 chegará a 3 mil e mais de 90% da população brasileira coberta. A redundância média é de 2,5. Ou seja, onde há cobertura Sigfox, um dispositivo consegue se comunicar com 2,5 ERBs, em média.

Para viabilizar aplicações de rastreamento de cargas, a cobertura está sendo montada também ao longo das principais estradas do País. 90% da Via Dutra está coberta. As vias que ligam São Paulo a Santos e a Campinas já têm conectividade Sigfox, afirma Reis.

Modelo de negócios

A WND vende apenas a conectividade à rede. São seus canais parceiros que se encarregam de empacotar a conectividade dentro de soluções para diferentes verticais e fechar acordos com o mercado corporativo. “Sigfox é uma rede global, com uma operadora por país. Cada operadora tem vários canais de vendas. Cada canal tem vários clientes. E cada cliente tem vários objetos conectados”, descreve o executivo.

No Brasil, o ano de 2017 consistiu em dar o pontapé inicial na montagem da rede e na divulgação da tecnologia, o que inclui a formação das parcerias de vendas e a realização de diversas provas de conceito. Agora, em 2018, a WND vai começar a efetivamente comercializar o tráfego de dados pela rede Sigfox.

“No ano passado éramos desconhecidos. Precisamos evangelizar o mercado. Quando o assunto era conectividade, as pessoas só pensavam em 3G e 4G. Mas existe espaço para tudo, incluindo  Lora e NB-IoT. Em uma mesma solução diferentes tecnologias podem exercer diferentes papéis”, comenta Reis.

América Latina

Paralelamente ao Brasil, a WND está implementando a rede Sigfox em outros países da América Latina. Ela já está operando no México, na Colômbia, na Argentina e na Costa Rica. Em dezembro, começou a instalar a rede em mais quatro países da região: Equador, Chile, Panamá, e El Salvador. A empresa pretende passar por uma rodada de investimento neste primeiro semestre para levantar cerca de US$ 50 milhões para viabilizar a expansão para esses outros mercados latino-americanos.

Fórum de Operadoras Alternativas

O diretor de negócios da WND, Eduardo Iha, será um dos palestrantes do painel “Novas redes para Internet das Coisas”, que acontecerá durante o Fórum de Operadoras Alternativas, no dia 26 de março, no WTC, em São Paulo. O diretor de tecnologia da Abinc, Luis Viola, está confirmado para o mesmo painel.

O seminário, que é organizado por Mobile Time e Teletime, contará também com painéis sobre MVNOs e operadoras Wi-Fi, além da participação do superintendente de competição da Anatel, Abraão Balbino Silva. A programação atualizada está disponível no site www.operadorasalternativas.com.br. Ingressos estão à venda através do telefone 11-3138-4619 pelo email [email protected] ou pela plataforma online Sympla.

 

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