A IDC apresentou nesta terça-feira, 5, as principais tendências para o mercado brasileiro em 2019, com a migração do modelo de CAPEX para OPEX e um espaço mais voltado para ‘TICs as a service’. Em conversa realizada com jornalistas, a empresa apontou desenvolvimento de investimento em áreas como serviços gerenciados de segurança (Managed Security Services ou MSS), inteligência artificial (IA) e gestão dos dados.

Segurança

Em serviços integrados de segurança, o tema é citado como prioridade por 52% dos executivos escutados pela IDC. Segundo Luciano Ramos, gerente de pesquisa de software e serviço da empresa, este movimento ficou mais forte após 2017, com ataques e vazamentos, como o WannaCry. Com isso, as companhias começam a enxergar mais valor em soluções de MSS, principalmente com o uso de IA e machine learning (ML) na próxima geração de produtos. Neste cenário, a companhia de análise de mercado espera um acirramento da competição entre operadoras de telefonia e provedores puros deTI no Brasil, com gastos da ordem de US$ 548 milhões; e as soluções de segurança da próxima geração – com IA e ML – devem gerar US$ 671 milhões, um crescimento 2,5 vezes mais rápido que aquele dos produtos tradicionais.

Inteligência artificial

Outro destaque na projeção da IDC, a IA é citada por 15,3% dos executivos entre as principais iniciativas de TI e se espera que isto dobre em um período de quatro anos. Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa da IDC Brasil, frisou que o desenvolvimento acontecerá com o apoio de startups de nicho. Entre os principais usos da inteligência artificial que acredita para o Brasil em 2019, ele destaca agentes de atendimento automático, análise e investigação de fraudes, automação de TI, além de diagnósticos e tratamento de saúde. Nota-se que a estimativa global da IDC é de um crescimento anual de 46% na categoria, alcançando investimentos de US$ 52 bilhões em 2021; já em 2022, 20% das corporações usarão tecnologia de fala para relacionar-se com clientes; e, em 2024, um terço das interfaces de tela de apps serão substituídos por interfaces de IA e automação de processos.

Gestão dos dados e LGPD

Com apenas 14% das empresas brasileiras considerando expandir seus negócios com o uso de dados, Ramos ressaltou que ainda há um tremendo espaço para investimentos neste setor, principalmente em soluções de big data e analytics, um mercado que registrará US$ 4,2 bilhões em 2019. Entre os casos de uso que serão mais atrativos neste ano estão: gestão 360º de clientes, planejamento da cadeia de suprimentos estendida, automação de operação de negócios. Questionado sobre o desenvolvimento deste segmento com a Lei Geral de Proteção de Dados, Delai explica que as empresas ainda estão em estado inicial de adaptação, algo que deve gerar uma “correria” das empresas a partir do segundo trimestre deste ano para estabelecer recursos.

IoT

Em Internet das Coisas, a IDC, estima que haverá uma movimentação de US$ 9 bilhões em 2019, um incremento de 20% na comparação ano a ano. Segundo Delai, mesmo com uma evolução lenta no Brasil (em virtude da demora na assinatura do Plano Nacional de IoT e na aprovação do projeto de lei que simplifica a tributação), o IoT “está acontecendo” no País. O executivo cita como exemplo um estudo da IDC que revela que 45% dos gestores têm projetos de IoT e pretendem ampliar mais no futuro. Além disso, ele lembra que há projetos com abertura de padrões e equipamentos mais integráveis, como automação predial (BMS), assim como os recentes aportes do BNDES em 15 projetos no segmento. Contudo, o executivo lembra que os números podem mudar se houver avanços do governo brasileiro em Internet das Coisas. Vale frisar, a IDC acredita que o ecossistema de IoT gerará US$ 745 bilhões de gastos em 2019 e passará de US$ 1 trilhão em 2022, sendo alavancados pelas áreas de manufatura e consumo.

DevOps e ISPs

Entre outras tendências que a IDC indica para 2019 estão o desenvolvimento de arquiteturas modernas, o desenvolvimento de aplicações, e a ampliação dos provedores regionais de Internet (ISPs). Para Ramos, a expectativa é de que o ecossistema de DevOps chegue a 40% de soluções voltadas à nuvem em 2019 – em 2018 era um em cada três. Com isso, as plataformas de serviços na nuvem (PaaS) chegarão a US$ 425 milhões de receita em 2019, um aumento de 36% na comparação ano a ano. Por sua vez, os ISPs terão um crescimento mais forte em banda larga fixa e chegarão a 25% de market share, mas, essas companhias também começam a oferecer mais serviços como MVNOs, OTTs e IoT para B2B e B2C.