Na principal feira de telefonia móvel do mundo, é natural que as atenções se voltem para os dois maiores fabricantes globais de celulares, a saber, Nokia e Samsung. O Mobile World Congress é uma oportunidade de mostrar ao mercado suas últimas novidades e indicar tendências futuras. Ao mesmo tempo, é óbvio que os players não abrem todas as suas cartas, para não entregar o ouro ao concorrente. A Samsung, por exemplo, evitou apresentar qualquer protótipo do Galaxy S3, seu próximo superphone, talvez porque aprendeu a lição do ano passado, quando demonstrou o S2 muito antes de seu lançamento comercial, causando alguma frustração.

O foco dos sul-coreanos ficou 99% centrado no novo Galaxy Note, com tela de 10,1 polegadas. O que nasceu como um produto híbrido, que os analistas não sabiam classificar se era um smartphone ou um tablet, agora parece encaixado definitivamente nesta segunda categoria, com o aumento da tela. Mas porque criar uma nova família de tablets se a Samsung continua tendo a Galaxy Tab? Ao que parece, a Samsung tem a intenção de criar uma nova categoria de tablet. O Note tem uma tecnologia de tela diferente, sensível à pressão do toque, o que a torna mais adequada para aplicações de desenho. O aparelho vem acompanhado de uma caneta stylus que tem, de um lado, uma fina ponta para escrever na tela e, de outro, uma ponta arredondada, que faz o papel de borracha. Para completar, o produto vem com diversos softwares gráficos da Adobe, como Photoshop. É um tapa com luva de pelica na Apple, que rejeitou o Flash em seu sistema operacional para dispositivos móveis. Os sul-coreanos não economizaram verba de marketing para passar a mensagem: além do stand dentro da feira, montaram um pequeno pavilhão perto da movimentada Rambla, espécie de Avenida Atlântica de Barcelona. Em ambos, contratou desenhistas profissionais para fazerem caricaturas dos transeuntes no Galaxy Note. Foi um sucesso de público, mas agora é preciso avaliar se isso se refletirá em vendas, o que depende de outros fatores, como preço e distribuição. Ou seria o Galaxy Note um blefe para esconder algo mais impactante que vem por aí?

A Nokia, por sua vez, se redimiu do vergonhoso problema de alguns anos atrás da câmera do N97 (cujo mal posicionamento do flash provocava luz estourada nas fotos noturnas) com o lançamento de um smartphone capaz de tirar fotos com até 38 (trinta e oito!) megapixels de resolução, o Nokia 808. O zoom dentro das imagens é impressionante. Um dos técnicos presente no stand tirou uma foto de sua calça jeans e é possível ver o trançado do tecido após o zoom (vejam o vídeo que gravei).

Embora chame a atenção, o Nokia 808 não será o carro-chefe da Nokia este ano, pois usa o sistema operacional Symbian. Suas apostas estão em outras duas frentes: a Lumia, família de smartphones com Windows Phone, e a Asha, família de terminais low end para os mercados emergentes. É difícil não gostar do Lumia ao mexer pela primeira vez no aparelho: a interface com "live tiles" é bem sacada e a integração dos contatos da agenda com redes sociais também (ideia que lembra um Motoblur bastante aperfeiçoado). Quem esperava ver algum protótipo de tablet da Nokia se frustrou. Talvez os finlandeses estejam escondendo algumas cartas…

Se participasse do Mobile World Congress, a Apple com certeza mereceria uma atenção especial, em razão da liderança que exerceu em inovação nos últimos cinco anos. Mas a empresa de Cupertino prefere se fechar em seus próprios segredos e guarda para a próxima quarta-feira o anúncio do que deve ser a terceira versão de seu tablet. Será o iPad 3 um royal street flash?