Fórum das Operadoras Inovadoras

Participantes do primeiro painel do dia, “Os novos entrantes do 5G”: o mediador Samuel Possebon (à esquerda); José Roberto Nogueira, CEO da Brisanet; Lucas Aliberti, diretor de novos negócios da Copel Telecom (Ligga); Jair Francisco, diretor de mercado, da Unifique; e Anderson Paiva Ferreira, gerente de novos negócios do Grupo Greatek/Cloud2U. Foto: Marcelo Kahn

| Publicada originalmente no Teletime | Em processo de escolha de fornecedores, as operadoras entrantes no mercado móvel após o leilão do 5G não devem apostar tão cedo no padrão OpenRAN, que propõe o uso de múltiplos vendors para a construção das redes.

Durante o primeiro dia do Fórum das Operadoras Inovadoras (promovido por Teletime e Mobile Time e iniciado nesta terça-feira, 5), o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, abordou o tema. “Vamos ser mais conservadores e partir para uma solução tradicional. Não vamos fazer experiências com 5G agora. Acreditamos que o OpenRAN só vai estar maduro em dois anos ou mais”, sinalizou o executivo.

“Não podemos colocar outro elemento novo nesse momento”, prosseguiu Nogueira, lembrando que a própria entrada no mercado móvel e a adoção do 5G já são vistas como apostas. Ainda que a operadora tenha um grupo de trabalho testando o OpenRAN, a alternativa é considerada apenas para o futuro.

“Há um custo elevado para quem está fazendo pilotos em 2022. Não tem escala e os componentes subiram de preço, então é uma conta muito desafiadora. Não temos direito de errar com uma rede inferior no 5G: temos que entrar com uma rede robusta. Mas vamos fazer quando estivermos maduros no móvel”, afirmou o CEO da Brisanet – que detém licenças 5G para o nordeste e centro-oeste.

No momento, a operadora está no processo final de aquisição de rádios, core de rede e sistemas de suporte (BSS) como billing para os primeiros projetos pilotos 5G. Um mesmo fornecedor para rádio e core deve ser selecionado, enquanto o BSS será provavelmente fornecido por outro vendor. Futuramente, um segundo parceiro para a parte de acesso e núcleo também deverá ser escolhido.

Ligga e Cloud2U

Empresa que detém licenças regionais de 3,5 GHz em São Paulo, Paraná e na região Norte, a Ligga (que reúne Sercomtel e a antiga Copel Telecom) também não deve incorporar o OpenRAN tão cedo, de acordo com o diretor de novos negócios do grupo, Lucas Aliberti.

“Também vamos começar de forma conservadora, com soluções já testadas antes de nos aventurarmos no OpenRAN. Falamos com cinco vendors para um modelo do core até acesso, incluindo BSS. Parece que uma solução fim a fim pode ser melhor e estamos otimistas”, sinalizou o executivo.

Na Cloud2U (integrante do Grupo Greatek que adquiriu espectro na região Sudeste, exceto São Paulo), conversas com os três principais fornecedores de equipamentos e alguns outros concorrentes já foram travadas, com possível definição no segundo semestre, de acordo com o gerente de novos negócios da entrante, Anderson Ferreira.

“Essa escolha é como um casamento. Não dá para fazer muito ‘Frankenstein’ na móvel 5G e temos que achar um par o mais adequado possível”, argumentou Ferreira, durante o Fórum das Operadoras Inovadoras. No caso do OpenRAN, a incerteza sobre como operar seria um dos desafios.

Compra conjunta

Já a Unifique (que vai operar 5G em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul) afirmou que a empresa ainda não definiu seus fornecedores. O diretor de mercado da empresa, Jair Francisco, apontou que as conversas têm sido desafiadoras mesmo junto aos vendors consolidados.

“As grandes fornecedoras clássicas nunca negociaram com empresas pequenas, mas vamos encontrar solução para que os custos sejam equalizados, e há um esforço deles neste sentido também. Sempre tivemos limitação de recursos e não podemos errar”, afirmou o executivo.

Durante o evento, a possibilidade de compra conjunta entre os provedores regionais entrantes do 5G também foi posta na mesa: os players presentes reconheceram que a possibilidade tem sido discutida, mas a Unifique apontou que questões como a viabilidade de um core regionalizado seria um dos desafios. A Brisanet, por sua vez, mostrou interesse em seguir este caminho assim que superada a fase de pilotos.

Fórum das Operadoras Inovadoras 2022

O evento organizado por Mobile Time e Teletime continua nesta quarta-feira, 6, com painéis sobre MVNOs e diversificação dos negócios dos ISPs. O dia contará ainda com diversas sessões especiais sobre IoT, Wi-Fi 6E, entre outras, e com a participação de executivos de empresas como Stellantis, Arqia, Cisco, Surf Telecom, Nomo, Um Telecom, Vero, Neo, dentre outras.

Mais informações sobre o Fórum das Operadoras Inovadoras 2022 aqui.