O Itaú (Android, iOS) apresentou nesta quinta-feira, 5, a sua ferramenta de investimento baseada em inteligência artificial generativa. Batizada como “Inteligência de Investimento Itaú”, a funcionalidade estará disponível no aplicativo do banco para 10 mil correntistas.
Considerado como um produto mínimo viável (MVP), esse serviço passou antes por uma série de experimentações internas, sendo que a primeira fase foi em março de 2024; a segunda, em novembro do mesmo ano, com 250 funcionários; e a terceira, em fevereiro de 2025, com 2,5 mil colaboradores.
Nas provas internas, Fabiana Yu, head de produto de IA no Itaú, explicou que os usuários fizeram de seis a sete interações com o robô, que é operado em uma janela de conversação com um agente do banco. Afirmou que as conversas foram fluidas e que os usuários retornavam várias vezes para tirar dúvidas.
Nesta nova fase, a tecnologia ficará disponível para uma base de 10 mil usuários do banco nas classes Uniclass e Personnalité que tenham perfil de investidor ativo, sejam digitalizados e não tenham um especialista com dedicação exclusiva.
Esses usuários vão receber o convite ao longo do mês de junho. Até o final do ano, a companhia espera expandir para pelo menos 500 mil usuários de forma gradual.
IA de investimento do Itaú – como funciona
A Inteligência de Investimento Itaú foi desenvolvida para ser um autosserviço em uma jornada de conversação. Funcionando o tempo todo (24/7) dentro da home de investimento do app, a IA do Itaú faz recomendações de investimentos personalizadas.
Ao clicar para conversar com a assistente, o usuário pode perguntar sobre opções de investimento, obter recomendações personalizadas com base em seu perfil, assim como tirar dúvidas pontuais sobre taxas e isenção de imposto de renda.
Inicialmente, o serviço começa com 50 produtos que podem ser sugeridos ou informados para os consumidores, como fundos e CDBs. Esses produtos passam por uma curadoria interna do banco antes de serem oferecidos aos clientes.
Desses produtos, inicialmente apenas o CDB funciona de ponta a ponta, ou seja, o cliente pode transacionar fundos e investir neste produto. Para isso, o robô oferece o CDB como alternativa, com as informações financeiras, e pergunta ao usuário se deseja fazer a transação. O usuário responde com ‘confirmo’ e o montante é aplicado.
Em seu começo, a funcionalidade não tem transbordo humano direto. Mas, se desejar, o usuário pode solicitar o apoio da assessoria especializada do banco.
Estratégia
Segundo Renato Cunha, diretor de produtos e soluções para investidores do banco, a ampliação do acesso ao investimento com qualidade é vista como a próxima fronteira do setor.
Agrega-se a isso um cenário demonstrado na pesquisa Anbima com o Datafolha que revela que apenas 37% dos brasileiros investem; 32 milhões têm montante para investir, mas não o fazem; e 50% dos investidores usam o app do banco como principal meio de investir.
“Acreditamos que IA pode trazer escala (ao investimento)”, disse Cunha. “Conseguimos pegar com qualidade e segurança uma assessoria de investimentos e oferecer sem custo adicional para o cliente”, completou o executivo em conversa com a imprensa especializada nesta quinta-feira.
O executivo reforça ainda que o diferencial da IA de investimento do Itaú é que, pela primeira vez, o banco coloca na mão do consumidor uma opção de autosserviço de investimento, sem a necessidade de passar por um assessor de investimento.
Importante dizer que a ferramenta de IA não altera o papel dos mais de 2 mil assessores de investimentos do Itaú e tampouco muda a assessoria digitalizada do banco, que é feita pelo app do Itaú e que contabilizou 2 milhões de clientes em 2024.
Segurança
De acordo com Carlos Eduardo Mazzei, diretor de tecnologia do Itaú, a IA é baseada em:
- Modelos de fundação de prateleira (entre três e quatro, a depender do uso);
- Dados e modelos de IA proprietários do Itaú;
- Dados de mercado;
- Informações dos clientes para hiperpersonalização e hipercontextualização.
A ferramenta ainda tem proteções, como:
- Guardrails de ética e de investimentos;
- Validação humana com especialistas multidisciplinares;
- Testes de ataque manuais e análises recorrentes;
- LLMOps (Operação de LLM) para monitoramento e observabilidade com métricas de controle e risco;
- Testes de ataque automatizados.
Mazzei lembra que essa estratégia foi possível devido à modernização feita no banco. Atualmente, o Itaú tem 1,3 mil modelos de inteligência artificial que permeiam diversas áreas, como modelagem de produtos e canais de atendimento.