O CEO da Um Telecom, Rui Gomes, afirmou que tem encontrado dificuldades em desenvolver o seu negócio de operadora móvel virtual junto às pequenas provedoras de Internet que levam conectividade fixa ao interior do país. Durante o DCD Connect | Brasil 2025, o executivo explicou que o motivo para a operação não crescer são as barreiras regulatórias.
Em especial, Gomes teceu críticas ao novo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) que alterou regras de roamings, MVNOs e uso de espectro em agosto deste ano. Em reunião do seu conselho diretor, a Anatel retirou do PGMC os pontos que tratavam das ofertas reguladas de atacado que as grandes empresas deveriam oferecer ao mercado de operadoras móveis virtuais.
Na visão do regulador “condições artificiais ou abaixo do preço de mercado poderiam desincentivar investimentos”, assim como “estimular a dependência prolongada das MVNOs em detrimento da competição baseada em rede própria, que é o vetor mais eficiente de rivalidade sustentável no setor móvel”.
“Cada vez mais estão dificultando o acesso às redes móveis para as MVNOs. Esse é um ponto que o PGMC deveria trabalhar para facilitar e gerar mais competição”, disse. “Hoje o mercado é concentrado nas três grandes operadoras (Claro, TIM e Vivo), não tem como fugir disso. Com isso, depende 100% das três autorizarem o modelo de negócio para as MVNOs. Portanto, nós precisamos ter uma regulação (em favor da MVNOs e da competição), mas a Anatel regulou ao sentido contrário”, relatou.
Vale lembrar que o tema foi criticado também pelas associações NEO, Telcomp, Abratual e Abrint.
Competição
Para Gomes, a decisão traz dificuldades para as MVNOs competirem no ecossistema móvel brasileiro, e diminui a possibilidade de expansão da rede móvel em localidades que atualmente não são atendidas pelas grandes operadoras.
“O problema maior é a competição. O mercado já é extremamente competitivo. O ARPU móvel é extremamente baixo. Logo, nós não temos preço para competir. No final das contas, nós precisamos de preço para poder competir”, afirmou o CEO. “Enxergo uma oportunidade de levarmos 4G e 5G em localidades onde não tem conectividade móvel. Por exemplo, a região nordeste tem muitas zonas de sombra, sem sinal nenhum de conectividade. Muitos locais sequer têm 3G”, completou.
Com uma regulação mais flexível, Gomes acredita em oportunidades para provedores locais estarem explorando as redes móveis. Levando cobertura a locais que não são alcançados pelas incumbentes.
Outras oportunidades
Ao Mobile Time, Gomes também confirmou que tem explorado oportunidades em redes celulares privativas. A companhia já realizou três testes estruturantes com empresas do setor de manufatura e agronegócio. E em paralelo, a Um Telecom tem optado em trabalhar outras fontes de receita complementa para o seu negócio em telecomunicações, como serviços de Wi-Fi, cibersegurança e computação em nuvem.
