A Twilio realizou uma rodada de demissões em massa anunciada na noite da última segunda-feira, 4, em uma reconfiguração do seu negócio de comunicação. De acordo com documento enviado à SEC, 5% dos funcionários foram desligados em uma operação que custará entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões aos cofres da empresa até o final do primeiro trimestre de 2024.

Se considerar que a companhia tinha 5,9 mil funcionários no terceiro trimestre de 2023, o corte seria de aproximadamente 300 empregados de seu quadro.

No relatório enviado ao regulador norte-americano, o plano de demissões que foi batizado como “December Plan” tem como objetivo levar a Twilio para um caminho de “crescimento lucrativo” na divisão de dados e aplicações. Jeff Lawson, CEO e cofundador da empresa, afirmou em carta aos demitidos e funcionários – também divulgada na SEC – que a companhia está buscando medidas para tornar o negócio mais efetivo nos produtos de Segment (campanhas omnichannel) e Flex (cloud contact center). Por esse motivo, a companhia decidiu pelos cortes, em especial nas áreas de marketing e finanças.

Na mensagem aos funcionários e demitidos, o executivo confirmou cortes fora dos Estados Unidos, mas não explicitou quantos, em quais times e nem quais locais foram afetados. O Mobile Time procurou a Twilio, mas a companhia respondeu que não informaria dados regionais.

Estratégia

Além dos cortes, a Twilio também promove uma mudança na forma como oferece seus produtos. Com as demissões, a oferta do Flex será unificada com os produtos da divisão de comunicação, uma vez que a empresa vê sinergia do cloud contact center com voz e URA inteligente (IVR), por exemplo.

Ou seja, a partir de agora, o contact center em nuvem da Twilio faz parte do seu time de comunicação e os executivos de conta vão vender aos seus clientes Flex junto com os produtos de comunicações. Em contrapartida, a Twilio deixa o segmento de vídeo programável e passa a focar apenas no núcleo duro de seus produtos de comunicação: mensageria, voz e e-mail.

Importante lembrar que esta é a segunda rodada de demissões em 2023. Em fevereiro, a Twilio demitiu 17% de sua força de trabalho a um custo de US$ 140 milhões.

Saúde financeira

A Twilio terminou o terceiro trimestre de 2023 com um prejuízo operacional de US$ 108 milhões e um prejuízo líquido de US$ 142 milhões. Além disso, a companhia investiu US$ 620 milhões em um plano de recompra de ações em nove meses deste ano.

Ainda neste ano, a empresa finalizou a venda de sua divisão de Internet das Coisas para a Kore e de sua plataforma de comunicação empresarial para o mercado indiano (para ValueFirst). De acordo com o relatório do terceiro trimestre, o desinvestimento em IoT rendeu US$ 16 milhões aos cofres da empresa, sem prejuízos significativos. Por sua vez, a saída do ValueFirst rendeu US$ 38,5 milhões, mas gerou US$ 32 milhões em prejuízos e gastos.

Na época, em conversa com analistas de mercado, Lawson disse que a “real história” da companhia é continuar “crescendo o seu negócio de comunicação”, ao mesmo tempo que “controla custos”.

Mobile Time também perguntou para a assessoria de imprensa se os planos de M&A da Twilio seriam afetados pelas demissões e reestruturações do negócio, mas a companhia preferiu não responder.

A empresa divulgou na última sexta-feira, 1, a aprovação de “compensações para diretores”, ou seja, os bônus para os executivos que demitiram seus funcionários na semana seguinte. Os valores dos ganhos não foram informados.

Imagem principal: Evento organizado pela Twilio para clientes no último dia 28 de novembro em São Paulo (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)