Um aplicativo brasileiro de edição de vídeos está fazendo sucesso ao redor do mundo. Trata-se do Filmr (Android, iOS), que no ano passado registrou 6 milhões de vídeos exportados, um crescimento de 150% em comparação com o ano anterior. E em 2020 a expectativa é de superar a marca de 10 milhões. Durante os três meses de quarentena, somente em iOS foram exportados 1 milhão de vídeos com o Filmr, informa Andrea Iorio, um dos investidores do Filmr, em conversa com Mobile Time. Desde o seu lançamento, há três anos, o app acumula mais de 5 milhões de downloads.

O Filmr oferece uma experiência totalmente pensada para a edição de vídeos no celular, incluindo uma interface na vertical, para trabalhar melhor imagens captadas nesse formato. Ele foi desenhado para ser simples, permitindo que pessoas sem experiência em edição de vídeo consigam usá-lo, destaca Alex Rutman, responsável pela design de UX do Filmr.

O app vem sendo adotado bastante por influenciadores digitais e empresas para a produção de vídeos institucionais em redes sociais, mas também por profissionais de edição que desejam maior agilidade no trabalho, relata Victor Rocha, que lidera o marketing da companhia. Curta-metragens e videoclipes também já foram feitos com a ferramenta.

“O Filmr é uma forma de baratear a entrega mantendo a qualidade profissional, e com possibilidade de exportar o vídeo em 4K, como no computador, só que com muito mais agilidade, e uma curva de aprendizado muito menor. É opção para quem quer fazer rapidamente e com custo mais baixo”, explica Iorio.

Modelo de negócios

O Filmr utiliza o modelo de negócios “freemium”. É possível usar o app de graça, mas os vídeos são exportados com uma marca d’água do app. Na versão paga, essa marca d’água é retirada e há mais filtros e transições disponíveis. No Brasil, a assinatura semanal custa R$ 11,90 e a anual, R$ 120.

A maior parte da receita é oriunda do exterior: 70%. Os EUA são hoje o principal mercado do Filmr em termos de faturamento.

TikTok

A popularização do TiKTok, app de criação de vídeos curtos, não é vista como um problema para os executivos do Filmr, pelo contrário. Eles entendem que o o TikTok pode ajudar a aumentar a demanda por ferramentas profissionais de edição de vídeos no celular, tal como o Instagram fez com o mercado de edição de fotos.

“O TikTok está educando as pessoas de que editar video é possível e divertido. E há um monte de soluções melhores para quem quiser algo mais profissional. O Instagram fez exatamente a mesma coisa com edição de fotos. Até 2010, ninguém editava foto no celular. Era algo reservado para os fotógrafos profissionais. O Instagram trouxe a possibilidade de editar no app. Daí criou-se um mercado de edição de fotos, abrindo espaço para outras ferramentas”, avalia Iorio.

Supr

Os criadores do Filmr agora se preparam para lançar em julho um novo app, o Supr, que será disponibilizado para iOS. Ele é voltado para a gravação de vídeos e uma edição em tempo real dos mesmos. O Supr permitirá gravação multicâmera, ligando a câmera frontal e traseira simultaneamente, e também maior estabilização da imagem. Além disso, contará com templates exclusivos, muitos deles inspirados em bandeiras políticas, como a luta antirracista e contra a homofobia, assim como a defesa do meio ambiente.

O Supr foi desenvolvido por uma equipe de programadores e designers brasileiros baseados em São Paulo. 90% do app foi criado durante a pandemia, relata Rutman.

O Supr seguirá o mesmo modelo de negócios do Filmr: freemium, com assinaturas semanal e anual. Os preços ainda não foram definidos.

Rodada de investimento

Os sócios do Filmr estão negociando uma rodada de investimentos série A, para captar entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões. Parte do dinheiro será investido no produto, pra seu aperfeiçoamento, incluindo a instalação na empresa de um núcleo de inteligência artificial e machine learning voltado para vídeo. “Queremos ter no Brasil um laboratório avançado dedicado a isso”, diz Iorio. Outra parte dos recursos captados será destinada à expansão internacional.