Existe uma corrida no setor financeiro (e em vários outros também) para a adoção de inteligência artificial generativa. Contudo, essa tecnologia envolve muitos riscos e sua implementação deve ser feita com cautela, recomenda Glênio Araújo, head de dados, inteligência artificial e hiperautomação da Minsait, em conversa com Mobile Time.

“Essa tecnologia está em amadurecimento. Embora exista uma ansiedade para chegar primeiro e sair na frente, é preciso ter mais calma. Vemos bancos querendo correr para lançar algum caso de uso rápido, mas com pouca estratégia. E se daqui a cinco anos o banco for processado porque sua IA fez sugestões equivocadas? É preciso ter cautela e estratégia nessa corrida”, aconselha Araújo.

O executivo sugere que os bancos iniciem pela adoção dessa tecnologia entre seus funcionários, antes de levá-la para seus clientes finais. “Eu acho bastante prudente começar com pilotos internos, especialmente para IA generativa. Ela pode ser usada para análise de documentos, ou para sugestões para vendedores”, propõe.

Riscos e custos

O executivo da Minsait argumenta que o treinamento dos modelos de IA precisa ser feito com muito cuidado, a partir de valores éticos e evitando a incorporação de preconceitos sociais. 

Ao mesmo tempo, é necessário observar o custo. Soluções de IA requerem intenso processamento de dados, o que costuma ser feito na nuvem. Isso gera um aumento no consumo de energia, o que poderia pressionar indicadores de sustentabilidade, tão caros para algumas corporações hoje em dia. Além disso, o custo da nuvem no Brasil é três a cinco vezes mais caro que nos EUA, compara. “Capacidade técnica para adotar IA generativa os bancos brasileiros têm. O ofensor é o custo”, diz o executivo.

Oportunidades

Apesar da cautela, Araujo entende que a inteligência artificial vai gerar uma série de benefícios para o setor financeiro. Ele destaca vantagens em três frentes: geração de receita; redução de custos operacionais; e melhora na experiência do cliente.

A IA pode ser usada para recomendar novos produtos e serviços financeiros ao consumidor, de forma contextualizada com a sua jornada, aumentando as vendas da instituição financeira.

Paralelamente, a IA generativa pode aumentar a produtividade de programadores e contribuir na otimização de processos, reduzindo gastos operacionais.

Na experiência do cliente, o melhor exemplo são os assistentes virtuais com IA generativa, capazes de manter uma conversa fluida e natural, o que eleva o atendimento automatizado a um novo patamar.