Não são apenas big techs internacionais que disputam o mercado com soluções de inteligência artificial generativa. A brasileira Inmetrics desenvolveu o Liev, uma plataforma de IA generativa cujo primeiro caso de uso consiste em auxiliar as equipes de TI em todo o ciclo de desenvolvimento de um software, desde a geração de código, até seus testes e a definição de scritps de infraestrutura. A ferramenta proporciona um aumento de cinco vezes na produtividade da equipe de TI, afirma Pablo Cavalcanti, CEO e sócio-fundador da Inmetrics.

“É como se houvesse um desenvolvedor júnior do seu lado 24h, gerando código em uma velocidade impressionante. Mas não é um código 100% pronto. Ainda é necessário um humano pleno para integrar, verificar se há furos de segurança etc. Mas é muito melhor que fazer o trabalho do zero. O que levava dois dias para ficar pronto agora leva 20 minutos. E é 1 minuto para gerar o código e 19 minutos para revisá-lo”, descreve Cavalcanti, em conversa com Mobile Time.

A interface do Liev é conversacional. Tal como ChatGPT e outras ferramentas de IA generativa, o Liev funciona a partir de comandos de texto livremente escritos pelo usuário. Ele consegue gerar código em 53 linguagens diferentes de programação. E também realiza conversões entre elas. Porém, existe uma limitação técnica da quantidade de texto que ele consegue gerar a cada pedido. Por isso, um dos trabalhos do desenvolvedor humano é dividir uma tarefa em vários pedaços de código mais simples, para depois concatená-los, explica Cavalcanti. Com a plataforma é possível criar apps móveis e chatbots inteligentes, por exemplo.

O Liev foi construído a partir da combinação de diferentes LLMs (Large Language Models) open source disponíveis no mercado. Ele pode ficar hospedado no cliente ou na nuvem. Sua utilização é comercializada como um serviço. 

Dos 10 maiores clientes da Inmetrics, três já estão utilizando o Liev efetivamente e sete estão testando. A maioria deles é do setor financeiro, principal área de atuação da Inmetrics

Lançado em abril, o Liev responde hoje por menos de 5% da receita da Inmetrics, mas em um horizonte de dois anos deve chegar a 25%, prevê o CEO.

Na opinião de Cavalcanti, ferramentas como o Liev e outras similares vão acelerar a transformação digital, mas não vão acabar com o déficit de mão de obra de TI, porque a demanda por esses serviços vai aumentar.

A geração de código é apenas o primeiro caso de uso do Liev. A expectativa é de que vários outros sejam criados ao longo do tempo. Um que está na mira da Inmetrics é o de análise de contratos.

História

A Inmetrics atua há mais de 20 anos na área de TI com foco especialmente no setor financeiro. Nasceu especializada no aperfeiçoamento e teste de softwares para bancos. Ganhou espaço principalmente durante a migração de sistemas de mainframes para plataformas abertas. Depois passou ela própria a desenvolver códigos também. “Hoje a gente se define como uma empresa de eficiência digital”, resume o CEO.