Alura

De máscara, Guilherme Silveira, chefe de educação da Alura (reprodução)

O chief education officer da Alura, Guilherme Silveira, afirmou que as empresas têm papel-chave no treinamento de seus profissionais. Nesta quinta-feira, 7, durante o evento pelo Itaú BBA, Tech Founders, o executivo afirmou que essa vocação era costumeira no passado, mas isso vem sendo perdido.

“Sempre foi papel das empresas treinar as pessoas. As pessoas aprendem na empresa e no trabalho delas. As empresas hoje em dia têm a impressão de que as pessoas precisam chegar prontas (para o trabalho). As universidades não são feitas para isso e isso nunca existiu”, explicou. “Dito isso, as empresas precisam treinar. E aí vem o segundo problema, que é reter o profissional. Você treina e em dois anos elas vão embora. É preciso segurar a pessoa na empresa”, completou.

Ainda assim, Silveira reconhece que há um abismo na educação de base que precisa ser atacado: as noções básicas de português e matemática. Cita o fato de que muitos alunos chegam ao ensino superior sem saber “regra de três”.

Para Daniel Pedrino, presidente do Descomplica Faculdade Digital, o cenário não é necessariamente um “cataclisma na educação” brasileira, mas sim uma oportunidade de ferramentas das edtechs melhorarem e ficarem mais próximas da geração que começa a ir para o ensino superior e mercado de trabalho.

“Falamos hoje de metaverso e outras tecnologias. Quando no ‘um a um’, a maioria do ensino digital ainda é um ensino à distância. Uma experiência ruim com o professor passando PDF velho. Precisamos pensar no ensino digital com a característica digital. Não é colocar as pessoas longe, mas colocar perto”, disse Pedrino. “Temos mais de 100 mil aulas por ano com reconhecimento facial e acompanhamento do aluno. Hoje, a Descomplica concorre com o WhatsApp. Se a aula está chata, ele vai para o WhatsApp”, completou.

O presidente da Descomplica afirma ainda que embora o digital seja importante para estreitar o relacionamento com o aluno, o offline também tem sua importância: “O grande ponto é entender o significado dos espaços (neste novo cenário). Provavelmente, os alunos vão para o campus para interagir, aula ele poderá ter em casa”, previu.

Tendência

Sobre como inserir as classes socioeconômicas mais pobres no uso ensino de tecnologia e matérias mais avançadas, Claudio Lensing, COO da Trybe, explicou que sua companhia oferece uma espécie de BNPL (Buy Now, Pay Later) do estudo.

“Temos a possibilidade de a pessoa só pagar depois que começar a trabalhar. Ela tem um prazo de cinco anos para pagar, um curso avançado de tecnologia que não teria condição de pagar em uma escola normal. Mais de 80% da base de nossa carteira usa isso, pois não teria como pagar”, disse Lensing. “Quando a pessoa consegue o primeiro trabalho, isso muda a realidade dela de maneira relevante. Por outro lado, nós estamos dando um voto de confiança que ela consegue fazer. A inadimplência é zero com essa confiança”.

Contudo, o COO explica que há um processo seletivo que busca entender se a pessoa conseguirá o trabalho. Nesta jornada, a aprovação é baixa, pois “muitas pessoas não conseguem fazer prova de raciocínio básico”, explicou Lensing.