A Visa começa a preparar a sua entrada no que considera ser a “quarta evolução do comércio”, o comércio com inteligência artificial. Se o setor passou pela entrada do cartão para o comercial presencial em 1958, o comércio eletrônico em 1994 e o comércio em 2008, Romina Seltzer, vice-presidente sênior de produtos e inovação para América Latina e Caribe na bandeira, afirmou que a IA deve ser a próxima jornada.
A primeira etapa para o começo da companhia em IA é o Visa Intelligent Commerce, um programa novo que abre a rede da Visa para a indústria de inteligência artificial, o que inclui neste começo OpenAI, Perplexity, Microsoft, Anthropic e Mistral AI.
Seltzer explicou que a aposta da companhia em “comércio agêntico” foi despertada pela experiência do Operator, uma solução apresentada pela OpenAI em março deste ano que prevê buscas e compras de usuários com ajuda de assistente de IA generativa.
“Estamos em uma nova fase do comércio guiado por IA. A utilização de agentes e novas tecnologias de software que permitem um agente autônomo e inteligente fazer tarefas por nós, como o Operator, da OpenAI ou a Alexa Plus. Os agentes têm potencial no mundo comercial”, disse a executiva. “A partir das experiências das plataformas de IA na Visa, nós estamos olhando o pagamento do futuro eficiente, rápido e com segurança”, completou.

Romina Seltzer, vice-presidente sênior de produtos e inovação para América Latina e Caribe na Visa (divulgação)
O Visa Intelligent Commerce é baseado em três frentes:
- Cartões prontos preparados para IA, a partir de credenciais tokenizadas e autenticação com biometria para uso em ambientes com IA;
- Pagamentos simples e seguros com IA;
- Personalização com uso de IA, com o Visa Data Tokens que gera insights do comportamento de compras do usuário, com consentimento, para customizar a experiência.
Visa prepara o terreno
Essas soluções têm como objetivo preparar o ambiente dos agentes de IA para realizar pagamentos dos usuários. Para isso, a Visa propõe um conjunto de Ações do Agente de IA que possibilitam:
- Associar um token de um consumidor para realizar transações em um domínio de um único agente, ou seja, o token gerado não será usado em outro agente, por exemplo, o token para Operator não pode ser usado na Alexa Plus;
- Dentro do ambiente do agente, o comprador pode colocar limites e condições para realizar uma compra;
- O uso da autenticação (por meio do Passkey – biometria atrelada ao celular) para confirmar o uso do cartão e a transação do consumidor;
- A possibilidade de personalizar com o Visa Data Tokens para ofertar produtos e serviços ao gosto do consumidor.
A VP sênior da Visa afirmou que isto é apenas o primeiro passo de “uma ilustração de uma nova forma de comprar”, mas acredita que o futuro terá um processo interativo com diferentes players do ecossistema. Explicou ainda que a bandeira precisou adaptar suas tecnologias para o ambiente com IA, como tokenização e biometria, assim como criou outras, vide o payment instructions e o payment signals, que estão incorporados para garantir pagamentos simples e seguros.
Inicialmente, o Visa Intelligent Commerce em parceria com as empresas de IA está em sandbox pelo Visa Developer Center, apenas para os EUA. Os players de IA vão testar via APIs. Em junho haverá testes controlados com transações em junho e em setembro está programado para o lançamento do produto mínimo viável (MVP). A companhia deve expandir para outros países na sequência.
“O valor (da aposta no comércio com IA) é construir a base da tecnologia para o próximo e-commerce, mas o atual comércio não vai desaparecer. Essa base que estamos construindo é o primeiro passo importante. É uma evolução. Não está tudo pronto”, afirmou Seltzer.
Além do espaço para testes em mais mercados, Seltzer afirmou que é possível a entrada de novos players do mercado, como os chineses Alibaba e DeepSeek, uma vez que as APIs são abertas.
Imagem principal: Romina Seltzer, vice-presidente sênior de produtos e inovação para América Latina e Caribe na Visa (divulgação)