Ilustração: Cecília Marins

A Vivo firmou uma parceria com a Winity para “compartilhamento recíproco de elementos de infraestrutura de rede”. Pelo contrato, a Vivo usará a infraestrutura de rede móvel do braço de telecomunicações do grupo Pátria Investimentos por 20 anos.

“Esta transação, a partir de sua concretização, trará benefícios ao setor de telecomunicações brasileiro como um todo, em razão do potencial de viabilização de um modelo inovador de negócios no mercado de atacado, que contribuirá para ampliar a qualidade e acessibilidade do serviço móvel no País”, diz trecho do comunicado publicado junto à CVM nesta segunda-feira, 8.

Na prática, a Vivo poderá usar a rede neutra da Winity em 1,1 mil cidades, em um bloco de 10 MHz (5+5 MHz) na frequência de 700 MHz. Tal infraestrutura pode chegar a 3,5 mil sites até 2030. Além disso, o acordo também possui um contrato de roaming que pode evoluir para RAN Sharing, em função do tráfego cursado.

O contrato entre a grande operadora e a provedora de rede neutra depende de aprovação dos órgãos reguladores, Cade e Anatel.

Importante lembrar, a Winity foi a única vencedora do lote de 700 MHz no leilão de frequências de novembro do ano passado. A companhia pagou R$ 1,4 bilhão por uma faixa de 20 MHz, um ágio de 805% ante o valor mínimo de R$ 157 milhões. A contrapartida desse lote é a instalação de infraestrutura de 4G em rodovias e localidades.

Análise

Assim como Vinicius da Oliver Wyman adiantou no ano passado, a Winity precisava garantir pelo menos uma empresa âncora para se manter no árduo mercado de telecomunicações brasileiro. A Vivo é essa âncora.

Vale lembrar que a companhia do grupo Pátria tem como objetivo construir 5 mil torres até 2029; e o investimento no 5G será pago em 20 anos.

Por sua vez, a Vivo precisa do 700 MHz para roaming, como alertou também no ano passado, Ari Lopes, da Omdia. Agora, a expectativa é que a âncora Vivo atraia outros players para a Winity. E reforça aquela máxima: 5G não se faz sozinho.