O CEO da Apple, Tim Cook, aproveitou o anúncio dos novos iPhones, na última quarta-feira, 7, para valorizar o ecossistema de aplicativos móveis para iOS. O executivo disse que a App Store acumula 140 bilhões de downloads em seus oito anos de vida e que nos últimos dois meses registrou um crescimento de 106% em downloads na comparação com o mesmo período de 2015. Na opinião do executivo, a paixão dos consumidores por seus apps está "mais forte do que nunca". Ele ressaltou ainda que a receita gerada por aplicativos na App Store é duas vezes maior que aquela faturada pela principal rival, ou seja, pela Google Play.

Análise

A fala de Tim Cook pode ser interpretada como uma resposta àqueles que preveem a morte dos apps. Nos últimos meses, muitas análises demonstraram o quão difícil é fazer sucesso com um aplicativo, a começar pela dificuldade de ser encontrado dentro de um catálogo com mais de 1,5 milhão de títulos. O índice de retenção média de um aplicativo móvel após um ano é baixíssimo, girando em torno de 5%: ou seja, 95% dos aplicativos são desinstalados menos de um ano depois de serem baixados. E várias pesquisas indicam que os usuários concentram a maior parte do seu tempo em poucos apps, especialmente aqueles de redes sociais e comunicadores instantâneos. Como se não bastasse, houve a chegada dos chatbots ao mundo mobile, com a abertura da API do Messenger, o que trouxe à tona a discussão da substituição dos apps pelos robôs nesses comunicadores instantâneos.

Claro que os apps não vão morrer. E é óbvio que geram e ainda vão gerar muito dinheiro, seja por publicidade, por assinatura ou por vendas de downloads e de itens in-app. Mas definitivamente não há espaço para todos fazerem sucesso. É um mercado com cauda longa, onde poucos ganham muito dinheiro e muitos ganham pouco, ou nada. A Apple e o Google sabem disso. E justamente para tentar equilibrar um pouco mais a relação com os desenvolvedores fizeram alterações este ano em sua política de divisão de receita, procurando valorizar os apps que conseguem manter assinantes por mais tempo.

É natural que o boom em torno dos apps esteja passando. Houve uma verdadeira corrida pelo ouro nos primeiros anos das lojas de aplicativos. Agora a poeira baixou e conseguimos ver melhor onde estavam as jazidas – e a maioria já tem dono. A corrida agora se direciona para os chatbots, e, como destacamos em outra matéria esta semana, a poeira está se levantando – ou uma bolha está nascendo, para quem prefere essa outra metáfora.