A Internet das Coisas (IoT), que promete conectar bilhões de dispositivos até 2020, é apenas um conceito e não deve ser encarado como tecnologia, afirma Mark Roberti, especialista e editor de tecnologia do RID Journal. Durante uma breve passagem por São Paulo, Roberti falou sobre o futuro do IoT e de dispositivos com sensores RFID e NFC, tecnologias que transforma qualquer coisa em um objeto conectado. Para ele, a Internet das Coisas deve perder o apelo na mídia e nas empresas a partir do próximo ano.

“O hype da Internet das Coisas vai começar a cair, a partir do próximo ano”, afirmou Roberti ao Mobile Time. “Nos últimos seis meses nós começamos a ver um monte de artigos críticos ao IoT, especialmente contra riscos de segurança”.

Questionado sobre riscos em privacidade e segurança, o especialista norte-americano disse que falta melhorias nas leis, tanto nos EUA como no Brasil. Ele cita a lei federal dos correios nos EUA que pune severamente os criminosos no gênero.

“Como diz um lendário CEO do Vale do Silício: “esqueça, você não tem privacidade”. Quando  tiver leis que mandem para a prisão quem usar dados privados de seus clientes, os empresários não vão fazer”.

Mark Roberti ainda acredita que em 25 anos a Internet das Coisas dará informações como: um caminhão passará em um túnel e o motorista saberá se terá problemas à frente; ou verá com um smartphone se um prédio é seguro durante um terremoto.

Uso do RFID e NFC

O RFID e o NFC foram os temas principais das palestras de um workshop organizado pelo CPqD nesta quinta-feira, 8, em São Paulo, sobre Internet das Coisas. Apenas o mercado mundial de RFID deve crescer para US$ 27,31 bilhões até 2024 no mundo. Em 2014 o mercado desse setor foi avaliado em US$ 8,89 bilhões, segundo a IDTechEx. Para o alemão Josef Presihuber, RFID – assim como o NFC – tem como vantagem o preço.

“RFID e NFC são tecnologias baratas para o IoT. Isso é importante para economizar tempo e dinheiro do usuário, pois traz benefícios para criar novas tecnologias”, explicou Presihuber. Porém ele vê como barreira a adoção do NFC em outros setores, além do m-payment, por falta de velocidade em transferência – hoje em kilobytes, mas precisaria alcançar os megabytes.

Questionado sobre qual o próximo setor que deve crescer com os sensores no Brasil, Mark Roberti foi categórico: “Varejo! É muito fácil colocar RFID e NFC em roupas e as lojas precisam gerenciar seus estoques. Com os sensores eles vão poder identificar o que falta, como uma peça de roupa de tamanho pequeno. E será barato, pois cada sensor custa em média US$ 1 e uma boa peça de roupa custa US$ 50”.