O lançamento de uma série de serviços de pagamento com QR code no Brasil nas últimas semanas levantou uma reflexão: será que estamos assistindo ao começo do fim dos cartões de plástico? Para Cassio Batoni, executivo da Gemalto responsável pelo desenvolvimento de negócios na área de bancos e pagamentos na América Latina, os cartões de plástico ainda vão durar muito tempo no País. Mais do que isso, os cartões exercerão um papel importante para popularizar os pagamentos sem contato, que ainda não deslancharam nos smartphones.

“Precisamos desmistificar essa ideia da extinção do cartão. Ele vai permanecer por muitos anos, pois é a forma como as instituições podem tangibilizar a sua marca nas mãos dos clientes. Vide o caso do Nubank”, avalia o executivo, em entrevista para Mobile Time.

Ele destacou que Mastercard e Visa definiram prazos para que todos os cartões emitidos com suas bandeiras passem a vir com NFC embarcado. Isso será fundamental para popularizar os pagamentos sem contato. “Para que o pagamento móvel tenha sucesso é preciso passar antes pela transformação do mercado com transações sem contato via cartão. Foi o que vimos na Europa, especialmente no Reino Unido, e na Austrália, que é hoje o maior mercado de transações sem contato no mundo”, disse.

China X Brasil

O sucesso dos pagamentos móveis por QR code na China se deveu a uma série de fatores da economia local, como baixíssima bancarização, regulação permissiva e entrada de players de fora do setor financeiro, como empresas de telecom e de varejo.

No Brasil, no seu entender, o cenário é diferente. O País conta com uma grande massa de cartões emitidos, seja por bancos ou por outras companhias, com versões private label, assim como um extenso parque instalado de máquinas de POS para aceitar esse tipo de pagamento. Com essa forte estrutura de pé, é mais difícil que surja alguma tecnologia disruptiva para substituir tudo isso. Ela teria que trazer benefícios muito grandes e claros para todos os elos da cadeia, do consumidor às instituições emissoras.

Por essas razões, Batoni prevê que os pagamentos com cartões físicos seguirão crescendo no Brasil nos próximos anos e vão coexistir com outros meios. Quem deve perder participação, este sim, será o dinheiro em papel, por conta do seu alto custo e falta de segurança.