O mercado de drones tem crescido muito, mas ainda com poucas aplicações comerciais e uma série de indefinições em termos de regulamentação. Recentemente, durante um painel no Intel Capital Global Summit, pude assistir a um debate entre os principais fabricantes de drones como Airware e Yuneec. O nome do painel me chamou atenção: "Drones não são mais apenas brinquedos?" Mas o que presenciei lá foi que todos tiveram muita dificuldade em provar aplicações comerciais e tirar o rótulo de brinquedo dos drones.

A grande demanda ainda é por fotos. Já tem drones por menos de 100 dólares que atendem a essa demanda, mas os mais completos custam milhares de dólares. As aplicações comerciais mais usadas ainda são agribusiness e mídia. No agronegócio são muito usados para acompanhar as plantações, mapear possíveis ofensores como pragas, por exemplo. Nesse caso o drone custa barato para voar por uma ampla área, filmando e fotografando o plantio ou a pecuária. Ou mesmo para aplicar venenos, inseticidas, etc.

O mercado de mídia foi um dos primeiros a usar drones comercialmente, principalmente para cobrir catástrofes, o que eles mais adoram porque notícias de desastres dão muita audiência e, sinceramente, não entendo por que esses programas têm tanta audiência, mas não vem ao caso aqui. Os drones hoje vão onde nem os helicópteros conseguem chegar e a um custo infinitamente menor. E, por falar em catástrofes, algumas seguradoras também têm usado drones para medir os prejuízos e monitorar propriedades nos Estados Unidos. Já as construtoras têm usado drones para escolher os melhores terrenos para suas obras e depois para acompanhar a evolução das mesmas.

Se quisermos ir um pouco mais longe, basta combinarmos drones com big data (essa é a palavrinha da moda usada para sistemas que analisam volumes gigantescos de dados e metadados, chegando a conclusões que antes praticamente não se conseguia chegar). Com dados coletados por drones para sistemas de big data, seria possível prever problemas na agricultura, como proliferação de vermes ou pragas, manifestações em grandes cidades ou até coisas simples, mas fundamentais, como bueiros entupidos, o que evitaria inundações geradas pela chuva forte. A polícia poderia tomar proveito disso para monitorar atividades suspeitas e evitar roubos, furtos, assaltos e assassinatos. E ainda usar drones para perseguir ou informar a localização em tempo real dos criminosos, sem colocar em risco a vida de policiais.

Drones parecem brinquedos, mas rapidamente pode-se perceber que vieram para ficar e que realmente terão muita aderência ao mundo corporativo e governamental, mas o desafio ainda é a regulamentação disso tudo, que, praticamente não existe e uma das grandes âncoras é a privacidade. Como definir até onde se pode liberar o uso de drones sem invadir a privacidade das pessoas? Imaginem drones nas mãos de paparazzis? No Kentucky, um senhor derrubou um drone a tiros porque estava voando sobre sua propriedade, alegando que estava tirando a privacidade de sua filha. Essa é definitivamente uma questão relevante e, com a regulamentação adequada, deve se tornar cada vez mais branda. Assim que os primeiros celulares foram lançados com GPS, houve um terror sobre a privacidade que, depois, praticamente sumiu, mas temos que concordar que um drone é mais invasivo.

Esse mercado está em franca ebulição. Para se ter uma ideia, em 2012 foram investidos apenas US$ 6 milhões em seis fabricantes de drones. Em 2015, em apenas nove meses, temos mais de US$ 323 milhões em investimentos em 54 fabricantes de drones.

Esses equipamentos estão cada vez mais modernos. Alguns possuem sensores de segurança que impedem que o drone pouse forte e reduzem velocidade ao se aproximar do solo. Não voam mais do que 5 milhas de distância do controle. Tem muita coisa em fase de lançamento ainda como o óculos para drones da Glyph que, através de uma conexão HDMI com o controle remoto do drone, permite ao usuário ver como se estivesse dentro do drone, e ao mesmo tempo, ver o controle e conseguir comandá-lo. Como essas outras dezenas de funcionalidades interessantes já estão disponíveis ou prestes a estarem.

E na sua opinião: o que serão os drones? Brinquedos para adultos ou uma nova frente de oportunidade de negócios?