A tendência do “buy now pay later” está chegando ao Brasil pelas mãos de players locais e estrangeiros e tem potencial para deslanchar aproveitando o Pix como meio de pagamento e a demanda do pequeno varejo por soluções mais baratas e simples para parcelamento de suas vendas. Esta é a opinião de Ernesto Haikewitsch, consultor da Boanerges & Cia Consultoria, que produziu recentemente um relatório sobre o tema.

O termo “buy now pay later” foi cunhado no exterior para se referir a soluções de pagamento parcelado sem juros em sites de comércio eletrônico, geralmente com pagamento em quatro vezes a cada 15 dias. A moda estourou primeiramente no mercado australiano com uma empresa chamada Afterpay e acabou chamando a atenção de grandes players globais de pagamento e se espalhando pela Europa e EUA – a própria Afterpay foi vendida por US$ 29 bilhões para a Square.

O Brasil já tem um longo histórico de soluções de parcelamento de compras, seja o tradicional carnê de varejistas como Casas Bahia, seja o parcelado no cartão ou o velho cheque pré-datado. Por isso, a chegada do BNPL é vista com certa desconfiança no mercado nacional: seria apenas uma nova roupagem para algo que já temos por aqui? 

“A oferta de crédito parcelado é antiga no Brasil, mas o que está evoluindo é a tecnologia e a experiência do usuário. Se o BNPL for simples, direto ao ponto, tem tudo para dar certo. Não se trata de apenas digitalizar o carnê. É mais do que isso”, argumenta o consultor.

Pix

A diferença das soluções de BNPL que estão sendo lançadas é a possibilidade de facilitar o parcelamento da compra online para pessoas que não têm cartão de crédito, ou para quem o limite do cartão é baixo. Nesse contexto, a existência do Pix vem bem a calhar, servindo como meio de pagamento mais ágil, com liquidação imediata, melhor que o boleto, que leva dois dias para ser compensado.

Hoje as empresas de BNPL precisam lembrar o consumidor quando estiver próximo do vencimento de uma parcela, o que será facilitado quando chegar a funcionalidade do Pix parcelado.

Pequenos varejistas

Do lado do varejista, a vantagem do BNPL é que a taxa cobrada costuma ser mais baixa que aquela dos cartões. Além disso, o varejista recebe o valor integral no dia seguinte da venda, e quem fica encarregado de cobrar as outras parcelas e lidar com inadimplência é o fornecedor da solução de BNPL.

“O pequeno varejo ganha muito com BNPL porque passa a ter uma ferramenta poderosa para aumentar as suas vendas”, avalia Haikewitsch.

Do lado do fornecedor da solução, é preciso investir pesado na qualidade do seu algoritmo de score de crédito, pois é preciso avaliar uma compra de forma praticamente instantânea, mas sem elevar demasiadamente o seu risco. “Esse é o pulo do gato”, resume. “É quase um microcrédito, com aprovação em tempo real, na hora da transação”, compara.

Tíquete médio

A expectativa é de o que tíquete médio do BNPL no Brasil fique entre R$ 300 e R$ 1 mil. O consultor aponta o segmento de fast fashion como um dos maiores beneficiados do BNPL. “Não é algo para uma HStern, nem para um McDonald’s”, compara, ou seja, nem para compras muito caras, nem muito baratas.

Alguns dos players atuando nesse mercado no Brasil são Boletoflex e Pagaleve.

 

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