Jovens são, por natureza, rebeldes, inovadores, revolucionários. Sempre estiveram à frente de seus pais em relação aos avanços da sociedade. E são melhores. Dialeticamente.

Hoje são, realmente, os mais conectados. E seriam assim mesmo que os smartphones e redes sociais existissem no início do século passado, quando o telefone e telex davam conta das comunicações.

É comum ver os jovens conversando com os amigos, freneticamente, por meio de seus smartphones, seja no ônibus, no metrô, cinema, centros de compras e muitos outros lugares. Nos “Rolezinhos” seria possível imaginar o contrário?

Nas escolas chega a ser um grande desafio porque durante as aulas e nos intervalos não param de teclar. Quando em família, vivem levando puxões de orelhas dos pais e não ligam para o que os mais velhos fazem ou pensam a respeito. O lance é teclar. Querem conversar somente com seus pares, seus semelhantes, seus iguais. Há algum tempo, em algumas escolas, a coordenação chegava a recolher os aparelhos e somente os entregava aos pais.

E agora eles estão fugindo das redes sociais onde seus pais, tios e avós estão. Não são nada “bobos”. Migraram para outras redes sócias, mas não largaram o celular. 

E não são apenas eles que estão agora, mais que nunca, conectados. O pessoal da geração dos “enta” também se reconhece e se encontra nas redes sociais e conversando muito pelo celular. Gente com longas décadas nas costas está passando horas e horas contando suas experiências nas redes sociais. Os aparelhos com mais de um chip estão em moda porque permitem aproveitar os planos para falar de graça com os amigos clientes da mesma operadora.

É uma Inclusão social digital. Ou seria alienação mobile?

Nem tanto. Se levarmos em conta que as novas experiências são geralmente levadas aos extremos e à exaustão, podemos ficar tranquilos: a fase tende a passar, porque trata-se de uma vivência nova, agradável, emocionante e educadora. Sim, educativa. Porque somente com a realização das coisas é que se aprende com os erros e acertos. No universo mobile e nas redes sociais não é diferente.

Quem nunca comeu, quando come se lambuza. Quem nunca ouviu esta frase muitas vezes na vida? É normal se envolver aos extremos em atividades prazerosas que nunca havia visto antes. Quem começa a gostar de livros, mergulha profundamente neles. Com as redes sociais parece a mesma coisa, seja jovem ou mais velho. E é tão bom que isso aconteça.

As pessoas com facilidade de acesso à Internet por longo tempo têm feito uso deste meio de maneira – podemos dizer – alienada? Ou seja, de maneira desconectada com a realidade? Não necessariamente e muitos podem fazê-lo por várias razões, até mesmo devido às suas profissões ligadas à comunicação, vendas e marketing, entre outras funções relacionadas ao trato com o público.

Será que o uso considerado exagerado é porque se trata de uma novidade para as pessoas? Talvez, o certo é que o universo mobile e redes sociais ganham proporções gigantescas e podem gerar desconforto, estresse. Ver as pessoas assim tão conectadas não é lá preocupante. Pessoas se viciam em muitas outras coisas: muitas se amarram em livros, cinema, jogos digitais, por exemplo. Já foi o tempo que puxávamos a cadeira para a porta de entrada de nossa casa para curtir a noite e conversar com os amigos. Nos grandes centros isso não existe mais.

A alienação pode ser definida de várias maneiras. Ela pode ser interpretada como distúrbio mental, uma anulação da personalidade individual. Para Karl Marx, se dá quando a pessoa está à margem dos processos socioeconômicos: não se reconhecer no trabalho é o cerne da questão.

Mas, os jovens não se reconhecem no trabalho? Não é muito cedo para cravar tal afirmação? Não necessariamente. Porque os jovens que trabalham e estudam, geralmente, ainda não se definiram por qual profissão seguir. Mas, pela definição de Marx, o jovem trabalhador é – como seus pais – estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro (para quem trabalha).

Mas o que o universo mobile e as redes sociais têm a ver com alienação? Muito e quase nada. Muito porque os jovens se afundam nas redes sociais para se conectar com o mundo em que vivem. Muito porque as redes sociais fazem parte da evolução da humanidade através das tecnologias. E nada, porque ela não vai matar ninguém.

Desencana. A vida só é boa quando ela é vivida. Seja nas redes sociais, seja presencialmente, seja virtualmente!