15 aplicativos Moveis

Criada há um ano e meio, a desenvolvedora de aplicativos Sportheca mira transformar os apps de clubes de futebol – e esportes em geral – em superapps para o torcedor. A estratégia passa por ofertar conteúdo de qualidade e promoções para os consumidores, mas também ser um negócio rentável para os clubes e associações por meio de publicidade, sócio-torcedor digital e, agora, também um arranjo de pagamento.

“Temos um gateway de pagamento próprio. Nele, o clube vira um banco digital. Temos parceria com um banco e uma subadquirente. Entramos como sócio em receita financeira das associações. Será um novo mercado para os clubes”, disse Gustavo Verginelli, sócio fundador e head de inovação. “Provavelmente será a primeira vez que isso ocorre em um clube. Não é um patrocinador criando um banco digital para o clube. É um negócio, um ativo do clube”, completa.

A companhia desenvolveu aplicativos para Fortaleza, São Paulo, Atlético Mineiro e Coritiba no Brasil, além da Confederação Brasileira de Futsal. No exterior, a Sportheca tem como clientes 50 clubes que participam da terceira e quarta divisões do campeonato de futebol espanhol e a Federação Romena de Futebol.

Este rol de apps possui mais de 850 mil usuários ativos com média de quatro acessos por semana e nove minutos por sessão.

Apps

Na primeira versão do modelo de superapp, o usuário tem acesso a informações em primeira mão do clube, agregadores de conteúdo, quiz e fantasy game. Tudo gratuito. Com a gamificação, o usuário resgata moedas virtuais para participar de ações, como ocorreu com torcedores do Atlético Mineiro em live exclusiva com o ex-jogador e assistente técnico do clube, Éder Aleixo. Entre outros conteúdos dos apps estão: câmera exclusiva no banco; áudio do treinador; vídeo de uma reza antes do túnel; player de áudio nativo com podcasts; vídeo de coletivas; hino do clube e cantos da torcida.

Para a segunda versão de superapp, a companhia prepara um formato batizado de sócio-torcedor digital. Neste caso, o torcedor paga uma mensalidade para acessar conteúdos exclusivos, estatísticas de segunda tela e participar de pequenas decisões do clube, como escolher a camisa que os jogadores vão vestir do próximo jogo. Essa versão deve ser lançada em breve – primeiro no Fortaleza, com o arranjo de pagamento dentro do aplicativo.

“O app é uma estrada que é incrementada e vai ganhando anexos conforme são plugados. Nós entendemos que havia essa dor dos clubes em ‘como se relacionar melhor’ e ‘monetizar a relação com o consumidor”, disse JP Castilhos, head de comunicação e sócio da firma. “A ideia no nosso começo foi causar a transformação real da indústria do esporte. Hoje, somos um centro de inovação para realizar produção e coprodução de tecnologia. Temos o centro de inovação em São Paulo, um espaço para receber 230 empreendedores”, afirma.

Modelos de negócios

Veriginelli explicou ao Mobile Time que o modo de atuar da Sportheca é diferente de outros desenvolvedores que também estão no meio esportivo. A startup trabalha com a ideia de o aplicativo ser um ativo dos clubes, assim como estádio, marca e centro de treinamento. Tanto que, em seu modelo de negócios, a Sportheca entra como sócia das agremiações para criar o app. Por ser sócio dos clubes, a empresa tem flexibilidade para inovar no modelo de negócios e criação da ferramenta. Dentro desse cenário, a startup pode financiar 100% do seu investimento e depois recuperá-lo na receita compartilhada.

“Tem clubes que preferem o pagamento mensal e geração de receita desde o momento zero. Clubes menores preferem financiamento. Clubes maiores, a mensalidade. O importante é a construção de receita pró-clube. É uma relação de sociedade”, explicou o sócio líder em inovação. “Esse início de camada paga (sócio-torcedor digital) é colocar um pé nesse terreno. Sempre estamos abertos a novos modelos de negócios. Os clubes precisam estar abertos a novos modelos, como nós”, completou.

Além do sócio-torcedor in-app, a Sportheca também trabalha com a oferta de receita com marketing dentro dos aplicativos, como ocorreu nas campanhas de ativação para TIM, BK e Casas Bahia. Em uma dessas ações, o aplicativo do São Paulo foi envelopado com um anúncio da Claro TV para assinar o pay-per-view da partida do clube contra o LDU pela Libertadores em 2020. Trinta mil consumidores foram para o checkout do jogo: “Com o superapp idealizamos criar a jornada de transformação digital do clube em experiência digital de entretenimento. Por isso que construímos esse modelo de negócios com o clube”, completou Verginelli.

Futuro

Para as próximas etapas, a startup mira avançar com ofertas de conteúdos diferenciados. Para as versões três e quatro dos super apps será disponibilizada a ferramenta mobile TV. Ou seja, haverá produção de conteúdo baseada em mobile-only e feita dentro do clube.

“A ideia é mostrar o Last Dance todos os dias em tempo real”, disse Verginelli, em alusão ao documentário do Chicago Bulls hexacampeão da NBA. “Construímos o superapp, agora vem a camada paga, e, na sequência, vem a mobile TV”, estimou.

Contudo, a equipe do aplicativo ressaltou que está aberta a novas tecnologias. Não à toa, adotaram recentemente a realidade aumentada in-app, que chegou primeiro no aplicativo do Atlético Mineiro. Além disso, firmou parceria com a Federação Alagoana de Futebol para transmitir seu campeonato local in-app. O head de inovação ressalta que, como o futuro do app é rumo à mobile TV, a companhia pretende avançar no cenário de direitos de transmissão e relacionamento com as marcas que podem patrocinar.