A pandemia do novo coronavírus está acelerando a adoção de robôs e drones para tarefas relacionadas ao combate da doença. As aplicações são diversas, como desinfetar ambientes públicos, medir a temperatura de pessoas com câmeras ou raios infravermelhos, realizar entregas sem contato, promover a comunicação entre doentes em estado grave no hospital e seus familiares que estão em casa, ou simplesmente sobrevoar aglomerações e alertar o público com mensagens sonoras. O Brasil realiza pesquisas de ponta na área de robótica, mas a indústria nacional ainda está atrás de muitos países desenvolvidos, apontam dois professores universitários e membros do IEEE entrevistados por Mobile Time.

“Existe muita pesquisa no Brasil em robótica, inclusive de ponta, mas a indústria não assumiu isso ainda como algo que consiga fazer. A não ser alguns drones ou equipamentos mais específicos, como alguns robôs para linhas elétricas e dutos. Mas em geral o material que usamos na fabricação é importado”, comenta Esther Colombini, membro do Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) e professora de Robótica e Inteligência Artificial da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Luis Lamb, também membro do IEEE e professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta também a indústria nacional de drones como uma exceção, tendo herdado a excelência da indústria aeronáutica brasileira. “Dominamos a tecnologia de drones de pequeno alcance. Há empresas em São Paulo e no Rio Grande do Sul fabricando drones. A indústria aeronáutica brasileira tem uma competência muito boa”, diz.

Adaptação

No caso de robôs bípedes, o ideal é que tanto hardware quanto software sejam desenvolvidos em conjunto, levando em conta as características dos terrenos onde vão andar. Por isso, Colombini não acredita que daria certo, por exemplo, importar robôs projetados no exterior e tentar adaptar o software deles para a realidade brasileira. “A gente esquece, mas o ser humano leva um ano para aprender a andar. É uma tarefa complicada principalmente com terrenos diferentes”, compara a professora.

5G

Há grande expectativa em relação à chegada das redes 5G e seu impacto sobre a indústria de robôs. A tecnologia de conectividade ajudará os robôs a buscarem informações na nuvem mais rapidamente, o que vai viabilizar novos casos de uso, hoje impossíveis com a latência das redes 4G. “O 5G com certeza vai acelerar o desenvolvimento da robótica”, diz a professora da Unicamp.