Quando o assunto é inteligência artificial, é preciso criar bancos de dados nacionais e vender caro os dados anonimizados do governo relacionados a saúde,  justiça e finanças. E o dinheiro arrecadado deve ser revertido para fomentar o ecossistema nacional de IA. É o que acredita Rodrigo Nogueira, CEO da Maritaca.

“A gente tem que vender caro esses dados anonimizados. Tem empresas que querem fazer uso desses dados para melhorar sua assertividade, inserindo nossas leis, costumes e nosso sistema de saúde. E devemos distribuir esse dinheiro para realimentar e fomentar o ecossistema nacional e evitar o colapso de entregar para os oligopólios internacionais esses dados”, explicou Nogueira durante sua participação no seminário IA para o desenvolvimento Nacional: colocando o PBIA em ação, promovido em Brasília pela ENAP (Escola Nacional de Administração Pública) nesta quarta-feira, 10.

Outra proposta apresentada pelo CEO da Maritaca é a taxa sobre as palavras produzidas pelas IAs.

“Se de fato esse futuro se tornar uma realidade, essas empresas produzirão uma grande quantidade de tokens e de inteligência para o nosso país. Nada mais justo do que a gente taxar e redistribuir isso para fomentar o ecossistema. Especialmente por conta de quem será impactado por isso, já que muitos perderão empregos”, citou Nogueira referindo-se a empregados de call centers que deverão ser substituídos por inteligência artificial.

Nogueira aposta que, em algum momento, o mercado de desenvolvimento de inteligência artificial será reduzido e será criado um oligopólio de big techs internacionais. “E quando dois ou três ganhadores se consolidarem, o que impede deles cobrarem US$ 100 ou US$ 1 mil da gente, em vez de US$ 1?”, questiona.

Por fim, Nogueira sugere que se utilizem institutos independentes para a emissão de selos de qualidade para as inteligências artificiais desenvolvidas, como vários Inmetros observando a qualidade do produto. “É bom separar o joio do trigo, ajuda a dar credibilidade ao mercado”, afirmou.

Sobre dados e direitos autorais em IA

Com relação ao pagamento de direito autoral, o CEO da Maritaca aposta em uma solução de pagamento coletivo, por setor, e não individualizado.

“A maior parte dos dados que dão inteligência à IA vem de uma pequena parcela da população e se você vir hoje quem contribui mais com o treino, vai ver que é 1% da população. O caminho correto é remunerar setores inteiros. Até porque é difícil descobrir o que cada um contribuiu para essa rede neural”, defendeu.

Nogueira também informou que existe um desafio técnico e filosófico sobre remunerar indivíduos. “Se uma pessoa escreve um livro ela se baseou em outras pessoas antes dela para escrever. Se a gente resolve remunerar a pessoa que escreveu o livr, o que fazer com as outras pessoas que serviram de base para a escrita desse livro?”, questionou. “O conhecimento é uma teia dispersa e a rede neural também é uma teia”.

 

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