O serviço de ringback tone (RBT), mais conhecido no Brasil como "som de chamada",  movimenta US$ 4 bilhões no mundo por ano e hoje tem 99% da sua base de clientes concentrada em feature phones. Conforme migram para smartphones, muitos consumidores cancelam suas assinaturas. Para reverter isso, a RealNetworks criou o Listen, um aplicativo em Android e iOS para gerenciar o serviço de som de chamada. Ele entrará em operação no fim deste ano com uma operadora britânica e com uma norte-americana.

Com o app, o assinante passa a gerenciar diretamente do seu smartphone as músicas que seus amigos vão escutar quando lhe chamarem. Hoje, essa administração costuma ser feita através do site das operadoras, ou através de outros canais, como SMS e URA. O Listen terá funcionalidades especiais, como permitir que os amigos escolham que música querem escutar quando ligarem; mensagens pré-gravadas de status no lugar da música para quando se estiver ocupado em reunião ou dirigindo; e uma lista das pessoas que mais ligam para o usuário. O Listen terá uma versão gratuita, com funcionalidades limitadas, e outra premium, paga. Esta última poderá ser atualizada via compra in-app e custará entre US$ 2 e US$ 3 por mês.

"As teles, historicamente, foram muito boas em vender conteúdo para feature phones via SMS, URA, websites etc. Mas ninguém pensou em como levar o ringback tone para os smartphones. O poder agora está com os sistemas operacionais e as teles perderam os pontos de contato que tinham com os consumidores", analisa Max Pellegrini, presidente da RealNetworks para entretenimento móvel. A empresa tem experiência no assunto: adquiriu em 2006 uma subsidiária da operadora sul-coreana SK Telecom que inventou o ringback tone. Hoje, conta com 18 milhões de assinantes do serviço que pagam entre US$ 1 e US$ 2 por mês. A maioria está na Ásia, Europa e América do Norte.

Modelo de negócios

Embora seja um app distribuído pelas lojas de aplicativos tradicionais, o Listen depende de parcerias entre a RealNetworks e as operadoras móveis, pois a execução do som de chamada requer a rede das teles. Contudo, haverá uma mudança em relação ao modelo de negócios que a RealNetworks pratica hoje com esse produto. Em vez de o serviço ser promovido e cobrado pelas teles, caberá à RealNetworks esse papel no Listen. Ela cuidará da promoção e da cobrança, que poderá ser feita através da loja de aplicativos ou pelo billing das teles. E parte da receita será dividida com as operadoras parceiras. A plataforma de RBT pode ser fornecida pela RealNetworks ou por terceiros, desde que tenha APIs para a conexão com o Listen. Mas todo o conteúdo gerenciado pelo app será provido pela RealNetworks.

"Não queremos nos livrar das teles. Precisamos delas. Mas haverá uma inversão de papéis. O front desk será do Listen. Nós é que vamos buscar os consumidores. Hoje é o contrário", explica Pellegrini.

A RealNetworks ainda não é forte em RBT na América Latina. Mas isso pode mudar com o Listen e com a própria liderança de Pellegrini, que morou alguns anos no Brasil quando trabalhava na Dada.net e, portanto, conhece bem o mercado nacional.