A canibalização que acontece no mercado brasileiro de aplicativos de táxi, com uma guerra de tarifas até o ponto de todos os players zerarem a cobrança dos taxistas por tempo indeterminado, não deve se repetir no mercado de soluções de mPOS (apps que transformam o smartphone em uma máquina para pagamentos com cartão de crédito). Esta é a opinião do diretor responsável pela operação da SumUp no Brasil, Igor Marchesini. "O mercado para mPOS no Brasil é tão grande que ninguém bate de frente com ninguém", explica.

Nesta semana, a SumUp anunciou uma promoção de isenção de tarifas durante a Copa para os usuários que ultrapassassem a marca de R$ 1 mil em receita com sua solução em abril. Na matéria publicada por MOBILE TIME, foi incluída uma análise alertando para o risco de se iniciar uma canibalização, tal como houve entre os apps de táxi. Marchesini entrou em contato com a redação para transmitir seu ponto de vista. Ele citou como exemplo o fato de as empresas praticarem taxas muito diversas e de ninguém ter respondido à chegada de novos concorrentes com mudança na precificação. No caso dessa recente iniciativa da SumUp trata-se de uma promoção com duração definida e atrelada a um ganho prévio de receita.

O que houve, por parte de algumas empresas, foi a entrega gratuita dos leitores de cartão (acessório que se acopla ao smartphone), como forma de quebrar essa barreira de entrada para o cliente. A SumUp, entretanto, prefere investir no estímulo à utilização do leitor por quem o adquire. "Prefiro concentrar nossa verba de marketing na ativação do cliente, não na sua aquisição", explica.

Há, paralelamente, um movimento para simplificação da cobrança de juros compostos no caso de vendas parceladas. SumUp e iZettle já adotaram modelos simplifcados, embutindo os juros compostos na taxa cobrada. Marchesini torce para que outros players façam o mesmo, pois facilitaria a compreensão por parte dos clientes, evitando surpresas na hora do recebimento do dinheiro.

Consolidação

Marchesini reconhece que há muitos players atuando com mPOS no Brasil, mas o tamanho do mercado é tão grande que não tem propiciado maiores enfrentamentos até agora. "Vivemos um pouco daquele momento que o mercado de compras coletivas experimentou. Todo mundo trouxe leitores da China, acertou parceria com provedor de pagamento e virou um mini-adquirente", relata.

Com as novas regras do Banco Central para pagamentos móveis, porém, a entrada de players pequenos deve parar. Há exigências que demandam maior estrutura e mais capital para serem atendidas, como política de gestão de risco, procedimentos para recuperação em caso de desastres, limite mínimo de R$ 2 milhões de capital social, proibição de mistura de fundos etc. As regras entram em vigor a partir de maio, quando as empresas terão 90 dias para apresentar suas documentações comprovando o atendimento das normas. O executivo acredita que as exigências regulatórias talvez tirem do mercado as empresas de mPOS de pequeno porte. Ele aposta em um mercado com cinco a dez players. A SumUp descarta, contudo, a aquisição de concorrentes. "Não está no nosso radar essa estratégia de crescimento não orgânico", afirmou.