|Publicado originalmente no Teletime| A Anatel está dando os primeiros passos para a criação do grupo de trabalho (GT) que avaliará o modelo OpenRAN no Brasil. Reunindo operadoras, vendors e academia, a iniciativa deve verificar aspectos tecnológicos, econômicos e regulatórios relacionados às redes de acesso abertas e com múltiplos fornecedores.

A criação do GT segue recomendação do conselheiro da Anatel, Carlos Baigorri, em relatório que formatou o edital de 5G. O trabalho será coordenado pela Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) da agência, tem um prazo de 24 meses e pode culminar em eventual inclusão do OpenRAN na agenda regulatória do setor no País.

No momento, a Anatel está acompanhando os testes e iniciativas do modelo junto aos primeiros interessados e permitindo o uso temporário de espectro em fins científicos e experimentais. Entre os testes já mapeados pela agência estão os realizados por CPQD, Unicamp, Algar TIM.

Vendors alternativos como Mavenir, Comba, Fujitsu, Dell, Radisys, KWI e MTI também estariam se movimentando em torno da pauta. Além deles, os fornecedores tradicionais de infraestrutura (como Nokia, Ericsson, Huawei, Qualcomm, NEC, Samsung e Motorola) também acompanham o assunto de perto.

Incentivos

A tendência é que, após essa primeira sondagem, a Anatel formalize em breve os convites para integrantes do novo GT. Segundo o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação, Vinicius Caram, um dos grandes objetivos da agência é verificar os benefícios da tecnologia e definir eventuais incentivos para o padrão aberto.

“Temos que ver se o movimento emplaca. Há desafios que são grandes obstáculos: a interoperabilidade, a questão de direitos proprietários e também a da segurança, que é mandatória. Não adianta permitir RAN aberto e mais barato, mas que tenha brechas”, afirmou Caram, em entrevista ao Teletime. Outro passo será verificar se o regramento atual da agência coíbe de alguma forma a adoção do padrão.

Liderança

No caso de viabilidade comprovada da solução desagregada, a Anatel vai avaliar se cabem medidas de flexibilização regulatória para promover a agenda; experiências internacionais na área serão observadas e utilizadas como subsídio. Outra possibilidade é que os incentivos habilitem o desenvolvimento e a fabricação nacionais de elementos do OpenRAN, procurando dar ao Brasil um papel de líder regional no tema.

Na RAN tradicional, as redes de acesso utilizam tecnologia integrada, com rádios, hardware e software fornecidos por único fornecedor em solução proprietária fechada. Na OpenRAN, padrões e especificações técnicas devem permitir interfaces abertas e em nuvem que possibilitem a combinação de componentes de diferentes fornecedores.