O smartphone está nas mãos, no bolso, na mesa de trabalho, na mesa do almoço, no transporte público e até no banheiro. Neste cenário com o handset junto ao usuário o tempo todo e com uma pandemia mundial em curso algumas questões se impõem: o aparelho pode contaminar uma pessoa com o novo coronavírus? Quais cuidados se deve ter com o dispositivo móvel? Como limpá-lo apropriadamente? Com essas questões em mente, Mobile Time conversou com especialistas para entender o melhor modo de atuar e proteger o celular.

O Centro de Controle de Doenças (CDC) norte-americano, por exemplo, explica que as pessoas devem limpar qualquer objeto de alto contato, como maçanetas, banheiros, balcões, assim como smartphones, tablets e teclados.

Adilson Westheimer Cavalcante, coordenador científico do departamento científico de infectologia da Associação Paulista de Medicina (APM), confirmou que o celular pode passar o vírus, mas o especialista acredita ser difícil, por se tratar de um dispositivo bem pessoal e unitário.

“Se existir o coronavírus no celular, ele pode passar para seu dono. Mas o aparelho não é compartilhado por pessoas, como era o orelhão. O celular, teoricamente, é um objeto de uso pessoal”, explicou o médico. “Contudo, se você tem um aparelho de comunicação comunitário, ele pode ser uma fonte de transmissão, sim.  E,se eventualmente emprestar o handset para alguém, é preciso fazer a limpeza do aparelho”.

O indicado, segundo Cavalcante, é limpar o celular com “um pano úmido à base de álcool ou cloro” para eliminar vestígios de contaminação. Sobre quanto tempo um celular pode manter o vírus vivo, o especialista afirmou que estudos preliminares indicam até nove horas. Mas ressaltou que ainda não é conclusivo, pois a doença é nova e está sob averiguação da comunidade científica.

O coordenador de infectologia da APM frisou a importância de limpar as mãos com água, sabão e álcool gel neste processo, uma vez que ela que seria o contato principal para transmitir o novo coronavírus: “Você tem que ter contato com a superfície inanimada, como é a do celular (para receber o vírus). Mas a mão, sim, ela pode transmitir se levar para nariz, boca e olhos. Pelo ouvido, não pega a doença. Um celular dentro de um escritório carregado com Covid-19 não vai transmitir. É diferente de uma pessoa que fala, tosse e espirra. Essa, sim, transmite o vírus pelo ar para outras pessoas”.

“Uma vez feita a limpeza do celular, você limpou o coronavírus. Mas o mais importante é a limpeza das mãos, elas precisam ser higienizadas com frequência. Se a mão estiver limpa, ela ajuda a eliminar a possibilidade de doença”, completou. “Lavar as mãos antes e depois do restaurante, após sair do banheiro, após tocar superfícies compartilhadas (maçanetas, botão de elevador, catraca etc.), e evitar compartilhamento de objetos pessoais”.

A ideia de não emprestar o celular para terceiros é enfatizada pela operadora AT&T a seus usuários nos Estados Unidos. Em um guia divulgado, a empresa indica a seus assinantes para compartilharem fotos por sistemas de mensagens (SMS ou WhatsApp) no lugar de passar o celular para outra pessoa. A operadora também pede para evitar tirar o celular do bolso ou da mochila em um local público, além de usar um fone Bluetooth para não ficar com o handset em suas mãos ou próximo do rosto o tempo todo.

Vale lembrar, o Ministério da Saúde brasileiro confirmou 98 casos com Covid-19 na tarde desta sexta-feira, 13, sem nenhuma morte. No mundo, a OMS contabiliza 132,7 mil casos e 4,9 mil mortes. A maioria delas ainda é na China, 80,9 mil infectados e 3,1 mil mortos.

Fabricantes

Os mesmos procedimentos são indicados pelas principais fabricantes do País. Fabio Faria, gerente de marketing da Asus no Brasil, recomenda passar um álcool isopropílico (solução de 70%) em um pano e depois limpar o aparelho inteiro. Samsung e Apple têm um passo a passo similar para seus usuários fazerem a higienização correta do handset.

Basicamente as etapas para limpeza são:

  • Antes de começar, desligue o smartphone, remova qualquer capa e desconecte todos os cabos ou acessórios;
  • Use um pano de microfibra macio e sem fiapos – como um pano de limpeza de lente de câmera – para limpar suavemente a superfície externa do handset;
  • Evite a umidade em qualquer abertura e não aplique soluções líquidas diretamente no seu smartphone. Se necessário, umedeça o canto de um pano com uma pequena quantidade de água destilada ou à base de álcool (mais de 70% de etanol ou álcool isopropílico) e delicadamente limpe a parte frontal e traseira do smartphone sem aplicar muita pressão. Evite uma limpeza excessiva;
  • Não use ar comprimido e não aplique nem pulverize alvejantes ou soluções de limpeza diretamente no smartphone;
  • A recomendação de limpeza destina-se apenas às superfícies de vidro, cerâmica e metal do smartphone; não é recomendado para acessórios macios, ou seja, aqueles feitos de couro, borracha ou plástico.

No site da Apple tem o passo a passo para limpeza dos smartphones e de outros aparelhos, como os Macbooks.

Evitar

Um ponto importante para ressaltar é que os sprays vendidos para limpeza de tela são apenas para efeito estético, não servem para limpar o handset apropriadamente, como explica Tatiane Moura, fundadora da Fixonline.

“Aqueles sprays vendidos em assistência servem para lustrar e deixar a tela desengordurada. Eles têm um efeito estético, não servem para limpar germes, por exemplo”, explicou a empreendedora. “Na nossa empresa, nós fazemos muitos reparos de aparelho. Por padrão, fazemos higiene para nossa própria segurança. Usamos um pano de microfibra com álcool isopropílico ou álcool gel, que é de mais fácil acesso, pois tem no mercado. O isopropílico é usado em assistência técnica para limpeza de componentes. Mas não é comum as pessoas comprarem”.

Moura afirmou ainda que, embora indicado por médicos, a sua empresa não usa soluções de limpeza à base de cloro por receio de danificar o smartphone.

Importante dizer, mesmo sem o novo coronavírus (Covid-19) é sempre importante manter o celular limpo. Um estudo recente do National Center for Biotechnology Information encontrou em média 17 mil bactérias em celulares de estudantes do ensino médio nos Estados Unidos.