Depois de anunciar a construção de uma fábrica na França para fornecer tecnologia 5G à Europa, fontes sugerem que a agência de cibersegurança do país, a Agência Nacional de Segurança dos Sistemas da Informação (ANSSI, na sigla em francês), deverá autorizar o uso dos equipamentos da empresa chinesa na implementação de sua rede 5G.

A França também deverá limitar os equipamentos da fabricante chinesa longe do core da rede. As informações são da agência de notícias Reuters, que conversou com duas fontes próximas ao tema. A decisão acaba sendo contrária ao pedido dos Estados Unidos de excluir a fabricante das telecomunicações da Europa.

Ainda segundo a reportagem da Reuters, a ANSSI deverá anunciar em breve às operadoras quais equipamentos elas poderão usar para a implementação do 5G na França. Mas ainda não há nenhuma decisão a respeito. Inclusive, o órgão não comentou sobre o assunto.

A decisão das autoridades francesas sobre os equipamentos da Huawei é aguardada com ansiedade pelas operadoras do país. Tanto a Bouygues Telecom quanto a SFR são bastante dependentes dos equipamentos da Huawei. De acordo com a Reuters, cerca de metade de suas atuais redes móveis possui equipamento do grupo chinês.

A Orange já optou pelo uso da Nokia e da Ericsson.

Atrasados

A França deveria anunciar uma primeira triagem de equipamentos de telecomunicação em fevereiro, porém, as operadoras móveis ainda não responderam a um questionário enviado pela ANSSI em dezembro do ano passado.

De qualquer forma, os primeiros-ministros de França, Alemanha e Reino Unido andam discutindo para encontrar uma abordagem comum em relação à Huawei, disse uma das fontes. Daí a especulação do caminho a seguir por parte da França.

Na Europa

O Reino Unido optou por um caminho intermediário, sem bloquear a fabricante chinesa, mas limitar seus equipamentos fora da rede principal.

A Alemanha ainda não chegou a um consenso sobre qual caminho seguir. Conservadores apoiam restrições mais severas para fornecedores estrangeiros, mas nada está definido ainda.

A opção do Reino Unido vai ao encontro do que disse em entrevista o chefe da indústria da União Europeia, Thierry Breton, para que as operadoras de telecomunicações não selecionem “fornecedores de risco” para locais estratégicos como capitais, bases militares e usinas nucleares, disse uma fonte da indústria de telecomunicações à Reuters.

Sem citar a Huawei, Breton afirmou que um “fornecedor de risco” era uma empresa que depende muito de um estado estrangeiro ou de um estado que poderia obrigá-lo a divulgar os dados dos clientes.