A queda na receita de SMS verificada em mercados mais maduros já chegou ao Brasil e apareceu nos relatórios dos balanços financeiros do segundo trimestre de pelo menos duas operadoras: TIM e Vivo. Trata-se do efeito da popularização dos apps de mensagens instantâneas, como WhatsApp, Line e Viber, que acompanha a migração da base de usuários para smartphones. Mas as teles não pretendem ficar de fora desse negócio e um dos aplicativos que se propõe a ajudá-las é o Msngr, criado pela suíça Myriad, que já conseguiu atrair o interesse do grupo América Móvil em toda a América Latina e da Movistar no Peru.

O Msngr nasceu como uma solução de bate-papo on-net para as teles. Ele já estava disponível há alguns anos em várias operadoras latino-americanas com nomes co-branded, como Claro Messenger e Movistar Messenger. Um dos seus diferenciais é existir não apenas como aplicativo móvel para Android e iOS, mas em uma versão WAP, o que possibilita o uso por pessoas que não tenham smartphone. Aliás, esse grupo representa atualmente 70% da base de usuários do Msngr, que hoje soma 67 milhões, sendo 2 milhões no Brasil, com a Claro.

Este ano, a estratégia do Msngr foi reformulada. A principal mudança é que o serviço não está mais limitado a conversas on-net, ou seja, entre usuários da mesma operadora. Outra é a decisão de que o tráfego de dados deve ser gratuito, o que é um atrativo especialmente na América Latina, onde a maioria dos assinantes móveis são pré-pagos. "A gratuidade é fundamental. Em 50% do tempo os assinantes latino-americanos estão sem crédito, seja porque acabou a mesada ou porque passou do dia 20 do mês", explica Pompílio Roselli, diretor do Msngr no Brasil. Isso é um diferencial em relação aos demais serviços de mensagens instantâneas, nos quais os assinantes pagam pelo tráfego de dados quando estão nas redes móveis.

A gratuidade no tráfego de dados está sendo lançada aos poucos pelas operadoras parceiras. As primeiras a implementarem foram a Claro no Brasil, no Peru e em Porto Rico, além da Telcel, no México. Na Movistar Peru, contudo, embora o serviço tenha sido lançado, o tráfego de dados ainda não é gratuito. Roselli promete anunciar nas próximas semanas o nomes de operadoras de outros grupos que vão aderir ao Msngr.

Para essa nova fase, o app do Msngr foi redesenhado. A nova versão para Android já está disponível. Aquela em iOS virá em outubro, junto com uma para Firefox, seguida depois por uma versão para desktop. Windows Phone está no radar para o futuro.

Ao mesmo tempo em que expande sua presença por diferentes sistemas operacionais, o Msngr ganha novas funcionalidades. Uma delas é a possibilidade de conversas em grupo, com a flexibilidade de permitir que qualquer participante convide outros, não apenas o criador da conversa. Em breve, será possível gravar mensagens de voz no estilo "segure e fale".

As operadoras parceiras vão embarcar o app em seus smartphones ou pelo menos oferecer um link para o download. Cabe lembrar que o novo app pode ser baixado e utilizado por usuários de quaisquer operadoras, mesmo aquelas que não firmaram parceria diretamente com o serviço. Neste caso,  o Msngr é instalado em uma versão "baunilha". Para os usuários de teles parceiras, por sua vez, aparece a logomarca da operadora dentro do app, como um serviço co-branded.

Modelo de negócios

O Msngr promete ser sempre gratuito para os usuários, tanto o download quanto o serviço em si. O tráfego de dados, entretanto, será gratuito apenas entre as operadoras parceiras. Mas como a conta fecha? A primeira experiência com monetização virá em outubro, mas Roselli prefere não abrir detalhes por enquanto. Diz apenas que quem pagará serão terceiros, não os usuários. Todavia, não confirma se será por meio de publicidade. A receita será dividida com as teles. "Não estamos fazendo isso sozinhos. Pelo nosso DNA, sempre trabalhamos com as operadoras", diz o executivo.