A Naranya Market, loja de aplicativos Android criada pela mexicana Naranya, projeta que estará presente em 100 milhões de smartphones da América Latina ao fim de 2016. A loja entrou no ar neste segundo trimestre e é oferecida tanto de maneira independente, com o referido nome, quanto no formato de white label, como a loja oficial de aplicativos da Claro, batizada neste caso como Claro Apps. Para atingir esse número, a empresa negocia outros contratos white label com operadoras diversas da região, assim como parcerias com fabricantes para que a loja venha pré-embarcada nos smartphones – um primeiro acordo do gênero foi fechado com a TCL, dona da marca Alcatel One Touch. A Naranya Market não está disponível para baixar na Google Play, mas em breve o download poderá ser feito através do site da loja.

A Naranya Market tem hoje 150 mil apps em seu catálogo, entre títulos gratuitos, freemium e premium. Sua principal vantagem é permitir que pagamentos sejam feitos através do billing das operadoras, ou seja, com o desconto feito na conta telefônica ou diretamente dos créditos pré-pagos. A Naranya tem conexão com o billing de 30 teles em 17 países da América Latina, incluindo todas as operações da América Móvil, parte daquelas da Telefônica, Entel, Personal, Tigo, Digicel, dentre outras. Com diversas negociações em andamento, inclusive com operadoras brasileiras, a empresa espera aumentar esse número para algo entre 40 e 50 nos próximos seis meses.

"A Naranya Market permite que conteúdo móvel seja vendido para as pessoas não bancarizadas da América Latina. Isso é bom para todos: para o consumidor, que pode consumir; para a operadora, que assim participa do negócio de venda de apps; e para o desenvolvedor, que finalmente pode monetizar o consumidor não bancarizado", argumenta Arturo Galván, CEO da Naranya.

Aos desenvolvedores interessados são oferecidas ferramentas para a conexão com a Naranya Pay, a plataforma de carrier billing da empresa. Assim, os apps são adaptados em poucos dias para terem a opção de pagamento através da conta telefônica, antes de serem incluídos dentro da loja. O desenvolvedor fica com uma participação de 30% da receita gerada com a Naranya Market, enquanto o restante é dividido entre a operadora do usuário e a Naranya. O percentual oferecido para o desenvolvedor é menor que aquele praticado na Google Play e na App Store, que dão 70%. Mas a vantagem está em ter acesso a um público pré-pago que, em sua maioria, não possui cartão de crédito para pagar nessas outras lojas.

"A Naranya Market é a primeira loja de aplicativos com carrier billing no mundo ocidental. O único outro mercado que tem isso é a China. Somos o primeiro ecossistema de apps desenhado para a América Latina", compara o executivo. Ele considera que a sua iniciativa tem o potencial de alavancar a produção regional de aplicativos móveis, que seria limitada até o momento por causa da dificuldade de monetização via cartão de crédito. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade para desenvolvedores estrangeiros gerarem receita na região.

Todos os apps submetidos à Naranya Market passam por um processo de inspeção, tanto por máquinas quanto por humanos, para evitar a entrada de malwares. "Somos mais seletivos, temos um processo de curadoria. Não temos e não queremos chegar a 1 milhão de apps. Queremos um crescimento com mais qualidade", afirma.

A empresa tem planos de explorar também o mercado de publicidade móvel com os apps presentes na loja, mas por enquanto não pode revelar detalhes do que está sendo elaborado nesse sentido.

Histórico

A Naranya nasceu há 13 anos no México, nos tempos do chamado SVA 1.0, quando ainda não havia smartphones. No começo trabalhava com serviços via SMS, inclusive votações para o Big Brother local, e depois evoluiu para conteúdos multimídia para feature phones. "Este ano decidimos entrar no mundo de smartphones. Estamos reinventando a nossa oferta", conta Galván.