Com objetivo de atender não apenas as grandes corporações, mas também a pequenas e médias empresas, a Telefônica Brasil lançou nesta quinta-feira, 14, a unidade ElevenPaths, divisão especializada em segurança de rede. A companhia já contava com uma operação de cibersegurança no Brasil, mas agora passa a incorporar uma rede de centros de operação de segurança (SOC, na sigla em inglês), incluindo uma unidade local. Dessa forma, o segmento de B2B da tele, a Vivo Empresas, passa a oferecer a camada de segurança junto à conectividade para os clientes corporativos.

A chegada da ElevenPaths no Brasil, uma das últimas unidades do grupo espanhol na América Latina, configura também a possibilidade de contar com a Global Telco Security Alliance, aliança global entre operadoras lançada em abril de 2018 e que inclui também Etisalat, Singtel, SoftBank e AT&T. Segundo o vice-presidente de B2B da Telefônica, Alex Salgado, a entrada na aliança permite o compartilhamento de dados e melhores práticas entre as teles para atuar de forma proativa. “A gente entende padrões de ataques olhando o tráfego. Assim, adicionamos uma camada de segurança antes da ameaça chegar à aplicação ou à casa do cliente. Isso é uma vantagem competitiva que só uma operadora tem”, declarou ele em coletiva para a imprensa em São Paulo. A ElevenPaths também insere a Vivo na aliança de inteligência CyberThreat.

Outra vantagem, afirma Salgado, é a conexão com a rede de SOCs do Grupo Telefónica. Ao todo, são 11 espalhados pelo mundo, incluindo na América Latina. O centro de operações no Brasil existe desde 2014, já conta com a certificação ISO 27001 e é mais voltado para médias e grandes empresas. A companhia diz que, unindo a infraestrutura própria pelo mundo aos de outras empresas das alianças, a atuação alcança mais de 60 países, com mais de 1,2 milhão de empresas utilizando serviços de segurança, reunindo 20 SOCs e mais de seis mil profissionais. No Brasil, a divisão conta com 100 profissionais para a operação, além de mil vendedores próprios e cinco mil terceirizados. “A chegada da ElevenPath traz um portfólio mais completo, permitindo a empresas rodarem testes de vulnerabilidade e soluções na prática, com capacidade adicional de colocar software e hardware para clientes com operação certificada”, diz o executivo.

A companhia pretende incorporar as soluções de segurança nas ofertas de conectividade, e isso inclui também para Internet das Coisas. “A forma de conectividade hoje no Brasil ainda é muito em 2G. Estamos fazendo evolução importante para NB-IoT e LTE-M, que vamos anunciar em breve”, diz. Essas tecnologias estão sendo preparadas com 4G, mas a ideia será expandir depois com o eventual lançamento comercial da 5G. “Todos os serviços de conectividade serão acompanhados de 100% do portfólio de segurança.”

Privacidade e tecnologias

A ElevenPath permitirá ainda ampliar a capacidade de prevenção, detecção e resposta a ataques ao utilizar inteligência artificial, algoritmos proprietários de análise e utilização de machine learning. Por outro lado, o blockchain não está sendo considerado exatamente uma prioridade. “Estamos avaliando. O blockchain está em meio a muita controvérsia, com especialistas em tecnologia colocando em dúvida o uso para segurança por conta de problemas de escalabilidade, latência e de possibilidade de ter o controle capturado”, declarou em teleconferência o CDO da Telefónica, Chema Alonso. Por outro lado, tecnologias como cloud e big data são bem vindas e combinadas com a IA e técnicas de machine learning e deep learning. Como exemplo, o executivo espanhol cita aplicação para reconhecimento de identidade (não apenas por meio de rosto, mas outros padrões como o andar da pessoa ou o modelo de celular que utiliza).

Mas os serviços também estão alinhados com políticas e legislações de privacidade de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) brasileira e a General Data Protection Regulation (GDPR) europeia. Chema Alonso destacou que essa preocupação já faz parte da estratégia do grupo e de suas subsidiárias. “Vemos que a tolerância ao uso indiscriminado dos dados está sendo reduzida, e assim exigimos mais transparência. Há três anos, a Telefónica adotou publicamente o tema, dando aos usuários o controle e decisão de como usam os dados. Temos o GDPR como requisito mínimo”, disse. Ele explicou que isso implica em uma nova visão de rentabilização para empresas, mas que é um movimento que já está em andamento. “Não é fácil mudar um modelo de negócios de uma empresa, que tem muitos dados grátis dos clientes, em atendimento à GDPR ou a LGPD. Isso vai mudar a maneira como estão lidando com questões internas, porque usuários estão sendo mais exigentes.”