A Unimed tem 6 milhões dos seus 18 milhões de clientes integrados ao seu projeto de interoperabilidade de dados clínicos e históricos de pacientes. Segundo Mauricio Jaco Cerri, superintendente de tecnologia e inovação da confederação de saúde, o projeto foi feito com inteligência artificial e tem como intuito facilitar o acesso de médicos a históricos de pacientes e com isso entregar um melhor atendimento.
Em passagem no GenAI Summit, evento organizado pela Deloitte em São Paulo nesta quinta-feira, 14, Cerri explicou que o trabalho de interoperabilidade permite o acesso a dados clínicos e históricos de um paciente por um médico de uma unidade que não é da localidade original do paciente: “Ou seja, uma pessoa com um plano da Unimed Campinas e que estiver em Porto Alegre, o médico pode ver todo o histórico do progresso desse paciente de uma forma mais ágil e conectado”, explicou.
Dentro do ecossistema interoperável, o profissional de saúde pode acessar um resumo do prontuário do paciente, fazer transcrição e, em algumas unidades da Unimed, o histórico clínico do paciente é usado para dar insights ao médico.
“O projeto passa por [convergências] no sistema de gestão, prontuário eletrônico, jornada da nossa telemedicina, reconhecimento facial. Enfim, a jornada completa em cadeia e atendimento do cliente e chegando na interoperabilidade, inclusive com os dados clínicos. Isso para podermos ter o cliente em intercâmbio do sistema Unimed”, detalhou.
LGPD na Unimed
Cerri detalhou que um ponto crucial para a interoperabilidade funcionar foi a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A partir da regulação, a companhia fez um mapeamento da documentação, processos e dados sensíveis. Esse trabalho possibilitou a convergência dos dados para serem cambiáveis em seu ecossistema.
Para o executivo da confederação de saúde, a entrada da LGPD ajudou, pois a lei estipula que o dado é do cliente e quando é solicitado o compartilhamento do dado sensível com consentimento do cliente (opt-in), a regulação “dá o respaldo” para compartilhar as informações de modo que o médico possa ver o resultado de um exame por exemplo.
“A lei acabou ajudando o nosso modelo de negócio e para que o cliente também tivesse essa segurança em relação ao uso dos seus dados de uma forma mais regulamentada”, afirmou. “Portanto, o processo da LGPD veio encaminhando junto com a interoperabilidade”, completou.
Resultados e próximas etapas
Ao todo, o projeto que está em fase piloto contabilizou 45 milhões de dados clínicos. O executivo afirmou que a possibilidade de utilização dos dados interoperáveis na confederação permitiu uma redução de 25% nos exames simples (ST) e mais complexos (CDT ou exames de imagem e procedimentos diagnósticos).
“Não olho o custo, mas a necessidade de o paciente realmente passar por um procedimento que ele não precisaria e o quanto isso gera de eficiência para nós”, afirmou, ao lembrar que a Unimed tem anualmente 20 milhões de consultas eletivas ano, mais de 40 milhões de exames de procedimentos e quase 1 milhão de internações.
A interoperabilidade da companhia começou a ser preparada em 2021 e faz parte de uma estratégia da companhia em realizar a sua transformação digital por meio dos dados. Batizado como Sinergia, o projeto está sendo preparado em parceria com a Deloitte e tem ainda:
- Um processo de estreitamento e testes com startups;
- Treinamento interno para uso de IA e outras ferramentas tecnológicas pelos 118 mil médicos de sua base.
De acordo com o superintendente, o projeto deve durar até 2030 para obter “as mudanças de grandes números do sistema como um todo”.
Imagem principal, da esquerda para direita: Claudia Cohn, Dasa; Mauricio Cerri, Unimed; Carlos Marinelli, Bradesco Saúde; Luis Fernando Joaquim, Deloitte (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)