[Matéria atualizada em 17/07/2020, às 17h57] Durante a pandemia do novo coronavírus, a empresa goiana de certificação digital Soluti registrou um crescimento de 37% apenas entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. Para o CEO da empresa, Vinicius Sousa, o salto aconteceu por conta da cultura de startup da empresa e a maneira ágil como reagiu aos problemas que o distanciamento social causou. “Conseguimos ter uma reação rápida e o formato de startup fez a diferença para o crescimento ser maior”, disse.

Presente em 2 mil cidades do País, a Soluti tem 32% de market share graças ao modelo que agrega parceiros para distribuir os certificados. “Normalmente, nossas concorrentes usam associações comerciais, sindicatos, cartórios, mas para a gente eles representam 50%. Nosso foco são os pequenos empreendedores, pessoas da área de contabilidade e vendedores que comercializam os certificados digitais da Soluti Brasil afora. Eles sofrem auditoria e são credenciados, mas isso reforça nosso modelo de estar mais próximo das pessoas e das empresas. Estabelecemos uma parceria diferenciada para replicar o negócio que começamos em Goiânia. Mas também funcionamos como uma empresa de inovação”, explicou Sousa.

Não à toa, quando a videoconferência foi regulamentada no final do ano passado para o processo de certificação digital, ainda havia uma demanda de normatização, com questões técnicas para serem resolvidas e esse processo foi finalizado somente em março, às vésperas do isolamento. Mas a empresa conseguiu acelerar e implementar a videoconferência rapidamente. “Levaríamos de dois a três meses para preparar a aplicação e fizemos em um final de semana”, lembra o CEO. “Enfrentamos congestionamento porque o cliente precisava realizar a operação. Antes, era apenas para quem estava na base biométrica da ICP Brasil, mas a medida provisória ampliou a possibilidade para todo o público, inclusive para quem solicitava a certificação digital pela primeira vez. Estamos em uma forte discussão para que se torne perene”.

Sousa aposta na nuvem para melhorar os serviços da Soluti por levar ao usuário a uma experiência diferente e “mais interessante, pelo celular, de forma simples. A criptografia é algo complexo, mas para o usuário a autenticação é simples, resume. A autenticação via nuvem ajuda profissionais da área de saúde, por exemplo, para que eles possam assinar prontuários e receitas médicas, mas também advogados e pessoas físicas no geral. De acordo com o CEO da Soluti, a proporção do mercado era até recentemente de 20% a 25% de todos os certificados para as pessoas físicas, mas o número já está em torno de 40% e a tendência é chegar a 90%. E é justamente nesse mercado que a empresa goiana quer se concentrar.

No momento, a companhia está com uma base de usuários de 70 mil pessoas no aplicativo Bird ID – Certificado Digital em nuvem. Em 2020, a Soluti deve encerrar o ano com uma base de 150 mil usuários no app. Ao todo, a empresa atende 2,5 milhões de usuários e são mais de 5 milhões de assinaturas realizadas na nuvem. “Para os médicos que não poderiam abrir seus consultórios e faziam consulta por telemedicina, como faziam a receita do medicamento? Por assinatura digital”, relata.

Além da nuvem

Nuvem é a estratégia principal para a inovação na empresa, mas também para a descoberta de novos modelos de negócios. Para acelerar esse processo, a Soluti criou o Soluti Labs, uma área de pesquisa e inovação em blockchain, Internet das Coisas, Iniciativa de Consentimento, entre outras áreas para experimentação. O laboratório também investe em startups que possam contribuir nessas áreas. Uma das beneficiadas foi a Data Opera, que está dentro do hub Inovabra e trabalha na área de padronização de coleta de dados na saúde.

Expansão

A pandemia acabou retardando o processo de expansão internacional da Soluti. O que era para acontecer ainda no primeiro semestre este ano, no momento, foi adiado para o ano que vem. A empresa está estudando alguns mercados para iniciar a operação. Entre eles está um país da América do Sul, um da Europa e, mais adiante, África.